Ao dar mutuamente a palavra de honra, que não tornariam público suas relações amorosas, decidiram, em conluio plantar um jardim, para selar o pacto. Sonhavam ver seus caminhos juncados de flores e em volta o chilreio dos pássaros.
Caminhavam de mãos dadas pelos parques, sorrindo e se beijando. Sentavam-se nos bancos das praças arborizadas, observando atentamente a fonte luminosa e os passantes.
Cego de amor, ele prometeu ir até o sol e trazer acesa a tocha, para aquecer seus dias. Ela prometeu acender círios coloridos pela casa, todas as noites, para que o breu não os impedisse de ver o brilho de seus olhos. Ele garantiu que iria ao fundo mar capturar um cavalo-marinho e o colocaria em um aquário, para o sortilégio de uma felicidade a dois.
Todavia a névoa chegaria impedindo-os de vislumbrar olhares oblíquos, dissimulados, gestos de fastio.
Dos sussurros nos ouvidos percebiam-se orgasmos fingidos...
No jardim as flores murchavam.
Os círios foram se apagando um a um.
O brilho dos olhos foi substituído pela palidez.
O sorriso, outrora, espontâneo transformou-se em arremedo.
As palavras tornaram-se ásperas, insípidas.
Agora o mundo inteiro ouvia as pragas mútuas.
A honra fora substituída pela desonra.
O amor em ódio.
Esta crônica está no livro Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros, à venda no site da editora Protexto: www.protexto.com.br
No ar o meu último lançamento. Dois livros em um: A Moça do Violoncelo (contos de mistério) - Estrelas (poesias). Aos interessados, façam contato.
LIVRO, UM PRESENTE INTELIGENTE!!!
A Literatura diz que é. A vida mostra que não. Quando o desamor bate à porta, nenhum gesto faz lembrar o amor vivido.A paixão acaba, o sentimento de posse também. O amor/paixão se transforma em outros sentimentos tão importantes quanto ele para o convívio humano fraterno e terno, entre pessoas amorosas e termas também. GOSTEI de rever e comentar aqui. Obrigada!
ResponderExcluirGrato pela presença e pelas palavras generosas.
ResponderExcluirNão acredito que transforma o amor em ódio, mais às vezes vem até nós momentos de indignações sobre algo que te aflige,que não está em ti pra resolver, pois nós não temos o poder de revelar mistérios da vida.O tempo é Senhor da razão e com o passar do tempo entenderemos se assim nos permitir em aceitar ou não!Abraço!
ResponderExcluirObrigado pela leitura e pelo comentário, Leni. Volte sempre. Abraço.
ExcluirGostei muito de ler esta sua crônica. Um amor vivido intensamente e verdadeiro creio que não se transforma em ódio a menor que tenha sido simplesmente uma paixão mas mesmo assim acho forte a palavra ódio. Com apreço,
ResponderExcluirObrigado pela presença generosa, Beki. Seja sempre bem-vinda. Abraço.
ExcluirCaro Amigo e Escritor J Estanisalau Filho: Amor e Ódio são filhos duma mesma Idéia. Essa narrativa é de uma clarividência absurda! Uma compreensão humana, que é a base toda criação artística. Resumindo, fantástico, beijos da Luiza De Marillac Bessa Luna Michel
ResponderExcluirBoa noite, Luiza. Seja sempre bem-vinda. Abraço.
ExcluirMuito bom. Abs
ResponderExcluirValeu, abraço.
ExcluirGOSTEI DEMAIS, ALGUÉM MACHUCOU ESTE AMOR, QUE ERA BELO E SE ESFRIOU...E ISTO ACONTECE SEMPRE, QUANDO ALGUÉM QUEBRA A MAGIA DE UM GRANDE AMOR.
ResponderExcluirDo amor ao ódio, um pulo, ou um tapa. Grato pela presença, Norma. Abraço.
ExcluirSeria muito bom que não fizessem parte da mesma moeda. Que em hipótese alguma o amor se tornasse ódio ou desamor. Que a paixão não morresse. Que a amizade florescesse entre corações que já se amaram e se quiseram tanto. Uma ótima crônica, Estanislau. Gostei muito do tema. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado Eneida. Seja sempre bem-vinda.
ResponderExcluirO amor é um sentimento muito dependente, ao contrário do que se costuma dizer, que é incondicional. Nosso sententimento pode mudar em relação à mesma pessoa, porque são os nossos processos mentais que nos fazem ver e sentir o outro. Mas o ódio é muito próximo do amor. Amamos o que nos faz feliz, porque no fundo amamos a nós mesmos.
ResponderExcluirObrigado pela atenção e pelas palavras generosas. Volte sempre. Abraço.
ResponderExcluirMuito bom, excelente, caro amigo...meu abraço....ansilgus.
ResponderExcluirObrigado pela gentil visita. Seja sempre bem-vindo, Antônio. Abraço.
ExcluirO amor é sempre a melhor parte do ódio. Dois sentimentos tão intensos e tão singulares. É possível perceber neste texto a singularidade de ambos. Para que o amor se apague basta permitir a chegada, mal resolvida, da primeira névoa. Parabéns... Lindo texto.
ResponderExcluirCissa Carvalho.