Tentou gritar, mas o som rouco estancou-se na garganta.
Lágrimas escorreram desarticuladas, umedecendo o piso de terra batida do tugúrio derradeiro.
Esforçou-se em acender o pavio e dar cabo à solidão feroz e às reminiscências do contubérnio, que julgara enexcedível em sua vivência nos páramos.
O cincerro aziago anunciava seu cataclismo.
Colocou-se de joelhos e recitou Castro Alves:
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade...” *
As lágrimas tingiram o chão, que se avermelhou inteiro.
Seu grito ecoou nos páramos...
Um grito lancinante.
Ohohohohohoahaahaahaahaahahaah...
Não viu a noite chegar
Não viu luz
Não viu lua
Não viu estrelas!
Ditirambos frenéticos invadiram seus tímpanos em conluio com a turbamulta de seus ancestrais
J Estanislau Filho
* Passagem de Navio Negreiro
Poema do meu livro Estrelas - Editora O Lutador - Edição esgotada.
Valeu, Maria. Feliz domingo!
ResponderExcluirMisericórdia é o que temos pedido. Mas, insistem em nos negar. Brotam inúmeras figuras, que paralisam meu pensamento. Gostei muito Stan. Bom dia e meus parabéns, sempre
ResponderExcluirGratidão pela sempre generosa presença!
ExcluirMUITO BOM E REFLEXIVO EM TEMPOS ATUAIS TAMBÉM. APLAUSOS MIL, NOBRE ESCRITOR POETA. APLAUSOS MIL, PAZ E LUZ
ResponderExcluirValeu, Norma, sempre bem-vinda!
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