O garoto encontrava-se na fase de descobertas. Adquirira o hábito de contar estrelas, principalmente em noites de lua cheia.
- Menino, está na hora de ir pra cama - a mãe chamou, lá da cozinha, enquanto apagava as brasas do fogão.
- Esse menino é meio esquisito, com a mania de contar estrelas, você não disse a ele que nasce verruga? - indagou o pai.
- Ah, Zé, o menino é sabido, não acredita nessas coisas!
- Tá com a cabeça rachada - interviu o irmão, com uma risada.
O menino entrou e antes de ir pra cama, ouviu as instruções do pai.
- Amanhã, depois de voltar da rua, precisa voltar de novo pra entregar as laranjas.
Toda manhã, depois de ajudar o pai na ordenha das vacas, o menino levava o leite pra cooperativa. Nos tempos da colheita de laranjas, ele era o responsável pelas vendas à partir das encomendas. Um cento para Fulano, meio cento pra Beltrano e por aí vai.
O que ele não gostava era de levantar de madrugada. Mas entregar o leite e vender as laranjas, ele gostava. Tudo por causa do pé de ingá, onde fazia uma parada, ao retornar da rua. Estacionava a charrete, mas antes colocava o animal à beira do córrego, para beber água e comer capim. Atravessava a cerca de arame farpado e deitava-se num tapete feito de folhas secas, sob a sombra do pé de ingá, onde passava um bom tempo contemplando o tronco e a copa da árvore. O vento agitava as folhas, produzindo uma brisa, que abrandava o calor e o suor do corpo do menino.
Sob a sombra do pé de ingá seus pensamentos corriam solto até chegar ao ápice do prazer.
Muito graciosa esta história!!
ResponderExcluirInteressantíssimo! Porém o final ficou ambíguo. O q será q este menino fazia debaixo deste pé de ingá hein???
ResponderExcluirô amiga conterrânea e parceira de letras, já leu O meu pé de Laranja Lima? Grato
ExcluirÉ também não compreendi bem o final da história.
ResponderExcluirSugiro reler. É fácil
ExcluirO que esse menino pensava debaixo do pé de ingá? Acho que não só pensava... fazia longas viagens também!
ResponderExcluirFazia, com certeza.
ExcluirAcredito que o menino usava esse tempo para meditação,
ResponderExcluirPra olhar para dentro dele mesmo e acreditar que poderia encontrar um sentido pra se transformar, e quase acreditar que não era nada ao lhe tratarem como nada.
Por acharem que não seria capaz quando o chamavam..
E assim ele acreditou ser diferente entre tantos iguais, entre tantos capazes e sabidos.
Quase acreditou estar de fora quando lhe deixavam de fora porque ... que falta fazia?
E foi assim que o menino se admirou, acreditou profundamente em seu valor.
E se admirou, como verdadeira fonte de riqueza.
Foi assim que que foi crescendo acreditando...
Debaixo do pé de ingá.
Parabéns amigo escritor e desculpa pelo comentário.
_ Maria José Gomes
Desculpo não, agradeço a sua paciência lendo os meus rabiscos. Sempre bem-vinda.
ExcluirBelo conto. A pureza de uma criança nos tempos que ainda existiam sonhos.
ResponderExcluirGrato
ExcluirOi J. Sou a Neide. Não sei pq meus comentários estão aparecendo como anônimos. Não sei como consertar isso.
ExcluirMaravilha poeta!!!! As descobertas mágicas de um adolescente!!!
ResponderExcluirÉ isso aí, Marli. Grato
ExcluirSob sua pena de ouro, reina esse texto sublime. Meus parabéns. Abraço
ResponderExcluirLuiza de Marillac Michel
ResponderExcluirObrigado, Lu, volte mais vezes
ExcluirParece que arrumou aqui
ResponderExcluirValeu, abraço fraterno, prima.
ExcluirGente estou doida pra saber tudo desce pé de Inga ,um dia ele conta !!!!Maria Luiza...
ResponderExcluirAcabei de contar
ExcluirMuito legal!
ResponderExcluirValeu 🙏
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