terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Tem algo mais revolucionário que o amor?

Imagem: Google


João Batista, apesar de se meter em confusão, não é confuso. Sabe bem o que quer. Confusas são algumas pessoas, que me cercam, diz convicto.  Tenho meus princípios, minha convicção ideológica. Ajo de acordo com a minha consciência. Ela sim, é o meu juiz. Não tenho sentimento de culpa nas minhas tomadas de decisão. Arco com as consequências. Às vezes as pessoas respondem ao que digo, com agressividade. Tenho culpa em ser transparente? A pergunta de João é de retórica. Ele realmente não tem sentimento de culpa. Por várias vezes o inquiri. Tem resposta na ponta da língua pra tudo. Quando não sabe, simplesmente diz, não sei. Mas João, quando você se envolveu com aquela evangélica, que se apaixonou e você a abandonou, não pensa ter sido, como direi?, oportunista, cruel?... Ah, tenha paciência, a paixão foi dela, o que eu tenho a ver com isso? Retruco, você a seduziu, certamente fez promessas, juras. Rapaz, tu é bobo? Raciocina. Nada a ver. Sigo o instinto que Deus me deu. Tu tá saindo pela tangente, João. A mulher sofreu com a ruptura, como você fica? Fico na paz, cada um com o seu fardo, eu não costumo carregar peso. Pesou, largo pelo caminho.

     Batista não costuma revelar seus sentimentos, nesse quesito se acha autossuficiente. O ser humano complica demais as coisas, com polêmicas que não levam a lugar algum, ou melhor, leva a desentendimentos, atritos e conflitos. Não ligo para o que falam de mim, as pessoas falam demais, talvez por necessidade de afirmação, ou busca de reconhecimento. Traz alguns aborrecimentos, é verdade, mas passa rápido. Vida que segue, conclui. E continua, não tenho obsessão por consensos . Se tentarem me atropelar, dou meus pulos, reajo, sem perder o equilíbrio. Abomino toda forma de violência, embora isso seja uma prática cotidiana. Segurança pública não é da minha alçada, não sou influencer, essa praga que nasce mais que capim tiririca, mais que sertanejo. Também não bato boca com gente preconceituosa, pura perda de tempo. São esses tipos, conservadores, moralistas sem moral, que infernizam o mundo. O inferno são os outros, finaliza, citando Sartre. Olho pra ele com ar de quem não está convencido e provoco, não me diga que o seu reino não é desse mundo, João. Isso não existe. Como somos amigos, ele não se faz de rogado e acrescenta: não adianta me olhar de banda, não pense que não estou aí para as hecatombes, para os canalhas da bíblia, da bola e do agro. Tenho nojo dessa corja. Só não vou dar-lhes o gostinho de me tirar do meu norte. Quero mais é amar. Confusas são as pessoas que não amam. Tem algo mais revolucionário que o amor? 

     Acho que não, respondo, erguendo a taça, num brinde à vida.


J Estanislau Filho


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6 comentários:

  1. Ah! Esse João eu conheço. Não vem que não tem . Esse João não é bobo não!

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  2. Pq anônimo?Sou eu,cara!

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  3. Este João tem domínio sobre a própria vida, o que pode trazer às vezes conflitos com quem convive, mas ele é convicto que o problema é da outra pessoa segundo sua crônica escritor. Viver sem culpas das suas ações é um empoderamento. Parabéns, João!

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  4. Bom ...caminhar na consciência de seus deveres! Feliz Natal!
    SoniaS

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  5. Acho que o João pratica o estoicismo. Gostei demais. Está certíssimo. Abraço, Stanislau.

    Corina Sátiro

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