Nas ruas do Jardim do Prado, uma mulher caminha, desfiando os cabelos com as pontas dos dedos. Seus olhos parecem ver apenas onde pisam os pés. Vez ou outra sacode os cabelos, para espantar o calor. Passa para o outro lado da rua, a fim de se resguardar do sol da tarde. Caminha devagar. Cambaleia dando a impressão de que vai cair. Mas se apruma e segue com passos leves, sem parar de desfiar os cabelos. Encosta-se na parede de uma casa, respirando fundo, enquanto olha para o alto. O sol avermelhado projeta fios de luz, produzidos pelas folhas das árvores, no rosto da mulher, que esboça um sorriso.
Nas ruas do Jardim do Prado a mulher caminha. Recolhe uma flor, que decidiu romper as grades de uma casa e se mostrar à passante. Ela prende a flor no cabelo, uma alamanda, talvez um ipê amarelo e prossegue a caminhada em direção a... Em seguida abre os braços, para abraçar a brisa, que acaricia seu rosto, o corpo, a alma. A flor despenca de seus cabelos. Ela tenta recolher, mas uma rajada de vento fustiga a flor para um bueiro.
A mulher decide fazer o caminho de volta. Caminha com passos rápidos, sem olhar para trás. Tem os olhos cheios de lágrimas.
J Estanislau Filho
Imagem: JEF - Flores do ipê refletida na janela - Tiradentes-MG
Esta crônica integra o livro Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros-página 33
Uma linda crônica poeta. Senti as lágrimas da caminhante...rs!
ResponderExcluirObrigado pela leitura e pelo seu registo. Seja bem-vinda.
ResponderExcluirTadinha da mulher e da flor ... difícil não chorar com as duas. Obrigado pela leveza da poesia, José Estanislau .
ResponderExcluirdrnelsonantonio@gmail.com.
Obrigado Nelson, seja sempre bem-vindo.
ExcluirUma felicidade, mesmo efêmera, é uma felicidade. Ralo abaixo, lágrima abaixo, os instantes de felicidade alça-nos à Eternidade. Abração do Jorge, Mestre Stan da Canastra!
ResponderExcluirValeu, acadêmico Jorge. Salve Jorge. Bração.
ExcluirGégé, tu tá cada vez mais genial!
ResponderExcluirObrigado pela presença, João Basílio. Seja sempre bem-vindo.
ExcluirBeleza de texto. Fiquei imaginando a mulher olhando sua flor despencar mas mesmo tentando recolher a rajada de vento a fez perder tudo. Só podia acabar
ResponderExcluirassim.
Abrs.,
Obrigado Beki, Feliz com sua presença. Volte mais vezes. Abraço.
ExcluirSempre especial ler teu trabalho mestre...
ResponderExcluirObrigado amiga e parceira de letras, Marilu. Abraço.
ExcluirNossa ! maravilhosa, viajei entre linhas meu amigo querido, é tudo tão lindo e gostoso de ler que é impossível não querer bis . Parabéns e aplausos . Sou sua fã demais da conta ,por essa e outras tantas crônicas que você nos presenteia. Abraço sua amiga Antonia Albuquerque
ResponderExcluirEu quem agradece, Antonia, amiga, boa amiga e parceira de letras. Esperando ler sua Alma. Abraço.
ExcluirJá estava com saudades de ler os seus escritos.
ResponderExcluirMe senti a mulher da crônica.
Seu trabalho e lindo amo-o
Obrigado Maria Moreira. Vindo de você, fico feliz. Volte sempre. Abraço.
ResponderExcluirQue texto lindo e comovente! Instantes de alegria e de felicidade, momentos de simplicidade, capazes de levar a um prazer íntimo, um prazer de viver, por parte daquela mulher. Uma pena a flor ter caído...Parabéns! Abs.
ResponderExcluirObrigado, Glaucia, seja sempre bem-vinda. Abraço.
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ResponderExcluirValeu, Terezinha. Abraço.
ExcluirTernura....chorar a despedida de uma flor...do que nos enfeita...do que colhemos..Os ventos da vida....mas viveu seus momentos de alegria, enquanto a tinha nas mãos.. Parabéns, Stan. Abraço
ResponderExcluirObrigado, Olynda, pelas ternas palavras. Volte sempre.
ExcluirQue coisa mais linda!!!!!
ResponderExcluirObrigado, Lu, seja sempre bem-vinda.
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