Casa de João-de-Barro.
Francisca, como sempre esbaforida, foi entrando sem pedir licença. Encontrou a Maga dizendo a Joel - o sapo domesticado - para que não se preocupasse com Jael, o papagaio bipolar, que em suas crises, bicava o sapo: - Meu amor, fique quieto dentro da panela, vou sair com a Xica, para espairecer, contemplar a natureza, querido. Eu e a Xica iremos fazer a trilha da Cava Amarela. Qualquer coisa o Isaías (disse Isaías em voz alta) está em casa.
- Vamos embora - interrompeu Francisca -, antes que fique tarde. Você conhece bem a trilha, depois destas chuvas, deve ter crateras, troncos, pedras...
- E centenas de borboletas, jacus, árvores... Vou pegar umas frutas e água. Cadê sua matula?
- Deixei na poltrona da sala. Vamos - Disse Francisca, enxugando a testa.
- Calorão em amiga! Mudança hormonal é fogo!
- Se é. Mas não é só isso, que atiça meu fogo, sinto falta do meu escultor de pedras preferido. Miserável, entrou e saiu da minha vida assim, ó, sem anunciar!
- Esquece aquele idiota, vamos embora.
Subiram a trilha, observando as borboletas azuis. A intenção era ir até o maior jequitibá do mundo.
- Do mundo, Maga? Menos, né.
- Ah, é o maior sim.
Distraíram-se no caminho ao ver uma casa de João-de-Barro.
- Dizem que o macho empareda a fêmea no ninho, caso ela se engrace por outro macho; que são parceiros fiéis - comentou a Maga.
- Lenda, amiga, lenda, não há comprovação científica ou empírica. Mas que eles formam um belo casal e são exímios construtores, não tenho dúvidas. A natureza é mágica.
- Pena que eu e o Isaías estamos sempre às turras - lamentou a Maga.
- Isaías é boa gente, filósofo de meia tigela - ironizou Francisca.
- Ah isso não, Isaías tem muito conhecimento. Debate qualquer assunto e tem opinião própria - retrucou a Maga.
Francisca deu uma sonora e gargalhada e brincou: - Está certa, não está mais aqui quem falou. Imagino se vocês combinassem como este fiel casal de joão-de-barro...
E prosseguiram, decididas, rumo ao pé de jequitibá.
Da série> Outras Espécies - minicontos, próximo livro.
Pesquisa:
O arquiteto perfeito
É um arquiteto perfeito. O ninho tem dois cômodos, com uma porta que dá acesso ao primeiro, que é feita na medida para que a ave entre sem precisar se abaixar. O cômodo mais interno, geralmente é forrado com penas, pelos e musgo, serve para a postura de ovos e acomodação dos filhotes. A porta de entrada é sempre estrategicamente posicionada na direção contrária à chuva e ao vento.
Fonte: http://diariodebiologia.com/2009/09/joao-de-barro-um-arquiteto-ciumento-e-vingativo/
A sua grande habilidade de manipular o barro, que dá nome ao passarinho. Outro destaque do joão-de-barro é o canto. Alto e forte, como uma gargalhada, a sua vocalização tem sequência rítmica prolongada como uma canção festiva, crescente e decrescente, e é cantada pelo casal canta nas horas mais quentes e claras do dia.
Fonte: http://www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2015/09/joao-de-barro-conheca-o-passaro-construtor-e-sua-lenda-indigena
Caracterização
Mede 19 cm. Os sexos são muito parecidos, a fêmea pode ser identificada, pelo hábito de ocupar à noite, sozinha, o ninho com ovos e filhotes. Plumagem de cor parda, com cor ferrugem nas costas e especialmente na cauda.
Habitat
Campos desprovidos
Peça já o seu e leve junto Estrelas, sem fins lucrativos
Disse ao amigo Nelson que tenho INVEJA de seus escritos. Depois do meu filho, é tudo que eu queria na vida. Quandio acabo de ler fico encantado vivendo as cenas por algum tempo. Espero as duas chegarem no pé de Jequitibá. Sebastião Verly Leitor e escutador de estórias e histórias.
ResponderExcluirObrigado, Verly, vindo de você, talentoso escritor, sinto-me honrado. Abraço.
ExcluirContinue seu trabalho, amigo!
ResponderExcluirÉ isso aí, Carlos. Continue o seu, com a sensibilidade de sempre. Abraço.
ExcluirUm maravilhoso conto. Uma viagem à natureza (que amo de morrer),que nos leva a um estado de encantamento. Você consegue prender o leitor. Amei. Abraço fraterno, amigo. Linda noite pra ti.
ResponderExcluirObrigado, Corina. Também amo seus escritos. Abraço, volte sempre.
ResponderExcluirParabéns JEF, estes minicontos estão de uma riqueza peculiar,lindo,lindo, Sucesso a ti meu querido.Um grande abraço!
ResponderExcluirObrigado Maria Leni, parceira de letras e lutas.
ExcluirUma maravilha poeta! Boa sorte! Tenho orgulho de Ti
ResponderExcluirObrigado, Marli. Também tenho orgulho de tê-la como amiga e parceira de letras e lutas na vida.
ExcluirMaravilhoso seu texto çoeta uma obra prima. Meus efusivos aplausos e admiração..parabéns.Maria Mendes
ResponderExcluirObrigado, querida amiga MM.
ExcluirOI NOBRE POETA. Gosto muito do que você escreve, esta nova história ficou muito bela também. Adorei também as informações sobre o pássaro João de Barro. Fique aqui registrado os meus sinceros aplausos.
ResponderExcluirValeu, Norma. É recíproco. Abraço
ExcluirAdorei o conto e deixo aqui registrado minha gratidão pelo convite a saborear suas páginas...
ResponderExcluirEu quem agradece sua amável presença, Liz Rabelo. Seja sempre bem-vinda. Abraço.
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