A primeira mão que afaguei foi a de minha mãe.
Esta primeira carícia foi uma delícia, um êxtase.
Mamãe sorriu, enquanto acariciava-lhe a mão e sugava o leite
As mãos do meu pai, ríspidas e insípidas causaram-me estranheza.
Ao afagá-las tive a primeira experiência de rudeza.
Aprendi que nas mãos de calos podem ter enfeites
Afaguei mãos amigas que me conduziram nos caminhos da vida.
Minha professora e primeira mão que afaguei com paixão,
Mãos que de tão macias pareciam polidas.
O nome dela era Iracema, para mim a virgem dos lábios de mel,
Não tinha os cabelos negros como as asas da graúna, nem índia era,
Foi meu amor juvenil, um sonho, uma quimera
Amei Terezinha, colega de escola, cujas mãos sequer peguei,
Por ela andei perdido em doces devaneios,
Tinha as coxas mais lindas e pequeninos seios
Paguei para afagar as mãos de muitas putas,
Que me lançavam olhares de comércio ligeiro,
Que não me satisfaziam, nem me deixavam inteiro
Mãos clandestinas estenderam-me livros proibidos,
Escritos por mãos libertárias e que li com voracidade,
Que me ensinaram o amor pela humanidade
Depois afaguei com o amor mais puro e sincero,
As mãos da mulher companheira, amor sereno,
Que deixaram os meus dias plenos
Assim aprendi que o amor dos pais
São feitos de palavras e sinais
Que entendemos quando temos filhos
Quando afagamos suas mãozinhas,
Vemos em suas palmas tênues linhas,
Que são seus caminhos, seus trilhos
J Estanislau Filho
Mãos talentosas em poesia!!! Aplausos!!
ResponderExcluirGrato, parceiro de letras. Sempre bem-vindo
ExcluirMe emocionei ao lembrar das mãos de minha mãe, como queria te-las a me afagar neste momento de angústia...
ResponderExcluirObrigada por me fazer recordar!!!
Ótimo texto. Parabéns amigo escritor! 👏👏👏👏👏👏👏
Obrigado, volte mais vezes!
ExcluirMãos que fizeram perceber a amplitude do amor. ♥️
ResponderExcluirGratidão, querida! Bom te ler aqui. Bjos
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