J Estanislau Filho
sábado, 21 de dezembro de 2024
Bruxismo
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
Tem algo mais revolucionário que o amor?
João Batista, apesar de se meter em confusão, não é confuso. Sabe bem o que quer. Confusas são algumas pessoas, que me cercam, diz convicto. Tenho meus princípios, minha convicção ideológica. Ajo de acordo com a minha consciência. Ela sim, é o meu juiz. Não tenho sentimento de culpa nas minhas tomadas de decisão. Arco com as consequências. Às vezes as pessoas respondem ao que digo, com agressividade. Tenho culpa em ser transparente? A pergunta de João é de retórica. Ele realmente não tem sentimento de culpa. Por várias vezes o inquiri. Tem resposta na ponta da língua pra tudo. Quando não sabe, simplesmente diz, não sei. Mas João, quando você se envolveu com aquela evangélica, que se apaixonou e você a abandonou, não pensa ter sido, como direi?, oportunista, cruel?... Ah, tenha paciência, a paixão foi dela, o que eu tenho a ver com isso? Retruco, você a seduziu, certamente fez promessas, juras. Rapaz, tu é bobo? Raciocina. Nada a ver. Sigo o instinto que Deus me deu. Tu tá saindo pela tangente, João. A mulher sofreu com a ruptura, como você fica? Fico na paz, cada um com o seu fardo, eu não costumo carregar peso. Pesou, largo pelo caminho.
Batista não costuma revelar seus sentimentos, nesse quesito se acha autossuficiente. O ser humano complica demais as coisas, com polêmicas que não levam a lugar algum, ou melhor, leva a desentendimentos, atritos e conflitos. Não ligo para o que falam de mim, as pessoas falam demais, talvez por necessidade de afirmação, ou busca de reconhecimento. Traz alguns aborrecimentos, é verdade, mas passa rápido. Vida que segue, conclui. E continua, não tenho obsessão por consensos . Se tentarem me atropelar, dou meus pulos, reajo, sem perder o equilíbrio. Abomino toda forma de violência, embora isso seja uma prática cotidiana. Segurança pública não é da minha alçada, não sou influencer, essa praga que nasce mais que capim tiririca, mais que sertanejo. Também não bato boca com gente preconceituosa, pura perda de tempo. São esses tipos, conservadores, moralistas sem moral, que infernizam o mundo. O inferno são os outros, finaliza, citando Sartre. Olho pra ele com ar de quem não está convencido e provoco, não me diga que o seu reino não é desse mundo, João. Isso não existe. Como somos amigos, ele não se faz de rogado e acrescenta: não adianta me olhar de banda, não pense que não estou aí para as hecatombes, para os canalhas da bíblia, da bola e do agro. Tenho nojo dessa corja. Só não vou dar-lhes o gostinho de me tirar do meu norte. Quero mais é amar. Confusas são as pessoas que não amam. Tem algo mais revolucionário que o amor?
Acho que não, respondo, erguendo a taça, num brinde à vida.
J Estanislau Filho
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
Tenha calma
É preciso calma,
devagar com o andor que o santo é de barro.
Necessário serenidade, pois a vida pode acabar numa esquina.
Tenha calma,
mas não se perca na calmaria!
Se o mar não está pra peixe, ancore o barco e se proteja
à sombra benfazeja, que a vida oferece,
durma no ponto, não se desgaste na espera, o transporte virá
pra te conduzir ao seu destino.
Tenha calma,
não se zangue com o andar das coisas,
mas não se omite, que a noite pode ser agitada e o dia pode
ser de mentiras com aparências de verdades.
Lembre-se que são tempos de fakes e inteligência artificial,
de interesses comerciais e organização criminosa.
Os golpista não desistem de golpear.
Caminhe pelas calçadas, se calçadas houverem,
não se esqueça: as ruas também pertencem aos pedestres.
Tenha calma, atente-se aos sinais e não deixe de agir.
A construção de um mundo melhor pede ação,
não se trata de fazer a sua parte,
mas de fazer parte do mutirão que mantém acesa a chama,
que ilumina a vida.
domingo, 1 de dezembro de 2024
Entendeu ou precisa desenhar?
Não se assuste com uma folha em branco. Passar para o papel, ou digitar o que está pensando é só começar. Um escritor ou escritora, está nascendo. Para escrever não é necessário dominar a gramática. Isso é tarefa dos gramaticistas. Nem precisa de um vocabulário extenso. Para um bom entendedor, meias palavras bastam (ou seria basta? O verbo vai pro singular ou plural? Eis o impasse). certo? Não se deixe bloquear por estas (ou essas) questões. O importante é se fazer entender.
Antes de prosseguir, abro um parágrafo, para contar, rapidinho, o que me aconteceu uma vez: um crítico literário me sugeriu, depois de ler alguns poemas de minha autoria, que desistisse de escrever, no caso, poemas. Que meus versos eram lixo. Não questionei, acho que ele tinha o direito de me criticar. Não obedeci, continuei escrevendo. Dito isso, volto ao tema inicial.
Sendo que sabemos articular palavras, então, é só passar para o papel. No mínimo, um exercício de aprendizado. Pode acontecer de a escrita ser agradável a uns e a outros não. Nem mesmo Gabriel Garcia Marques é uma unanimidade. Nem é uma certeza de que veio ao mundo literário, um Pablo Neruda, uma Lygia Fagundes Teles. Um Machado de Assis não surge assim, num estalar de dedos. Escrever é um ato de resistência! Pode parecer um clichê, mas é um ato de resistência. Escrever não é privilégio de acadêmicos ou de quem se acha na condição de interditar, seja lá em nome de quê, o direito de todas as pessoas colocarem no papel sua criação.
Não é porque alguém escreve chícara em vez de xicara, que a sua comunicação não é correta. Entendeu, ou precisa desenhar?