sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Das Minhas Lembranças 46


Talvez seja mesmo por preguiça, que encerro neste número 46 o registro dos conteúdos  do informativo Intercâmbio.  Digitar tudo está  se tornando uma tarefa árdua.  Como disse anteriormente,  esse resgate foi possível, por encontrar em meus arquivos uma série de exemplares.  Ao redigir, descobri que parece ser de 1997. Sem maiores delongas, nosso boletim de número 9 ficou assim:


Capa:


TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA


J Estanislau Filho


     Nascemos nus.

     Criança fica  pelada na frente dos adultos, sem medo. Recebe abraços, carícias. Um prazer ser tocado: pele na pele, cheirinho bom. Uma delícia!

     De repente vem a bronca:

     * Menino(a) sem vergonha. Vá se vestir!

     * Menina, feche esta perna, senão vai apanhar!

     Nascemos nus, inocentes. Depois nos ensinam que a nudez é feia. É preciso esconder o corpo.

     VERGONHA + MEDO=CULPA

     Assim vamos crescendo e compreendendo a lógica dos adultos. REPRIMIDOS,  nos tornamos inseguros e... em alguns casos, PROMÍSCUOS, vertente perversa da REPRESSÃO. Cheios de sentimentos de CULPA E MEDO, estamos preparados para o convívio social: SUBJUGADOS, ANULADOS. 

     Nascemos nus. À medida em que crescemos, cobrimos e nos cobrem com as mais estranhas vestes. Até o fim dos nossos dias, quando nos colocam um paletó de madeira. 


A página 2 (miolo) ficou assim:


TRUQUES & GALHOS


................................................................................Geraldo Bernardes


* PARA TER UM CORAÇÃO SAUDÁVEL

   Substitua a manteiga por óleo de milho. Em vez de usar ovos inteiros nas omeletes ou receitas, utilize somente as claras. Prefira o iogurte no lugar do creme de leite. Prefira o leite desnatado ao leite integral. Quanto aos queijos, prefira os mais branquinhos, como o Minas e Ricota. 


*    SOPA DE GORDURA

      Para tirar o excesso de gordura de sopas e ensopados, quando estiverem prontos, adicione algumas pedras de gelo, mexendo para a gordura aderir às pedras e retire antes que elas derretam. Ou ainda, embrulhe as pedras em um pedaço de gaze ou toalha de papel e passe levemente  sobre a superfície da sopa. 


*    FERMENTO RESISTENTE

      Para que o fermento em pó dure mais, guarde-o na geladeira. 


                                                   PENSAMNETO


             "O homem que se vende recebe sempre mais do que vale". Barão de Itararé


A página 3 (miolo), assim:


POIS É...

                    Eva Torres e Rubens Pinheiro


A FRATERNIDADE E OS ENCARCERADOS


A campanha da fraternidade de 1997 veio resgatar em nossa memória o drama em que vivem os encarcerados e suas famílias. A divisão social e racial tem sido um dos fatores principais das injustiças em nossa sociedade, porém, é comum ver pessoas, sem conhecimento profundo, defendendo a  pena de morte como solução para certos casos. 

     Segundo dados do Ministério da Justiça de 1994, há no Brasil 130.000 presos, sendo: 96% homens, com média de 2,15 presos por vaga e a maioria pobre, 95%. O ser humano é sempre maior que sua culpa, mas, quem erra perante a Sociedade tem o direito de se reabilitar, sem discriminação. 

      A campanha propõe que ajudemos o encarcerados, construindo com eles novas formas de vida, porque, juntamente com suas famílias, são entregues à própria sorte. Lutar pela vida e as oportunidades de direito, como cristãos e cidadãos de todos os segmentos é um desafio para todos nós, direito à Saúde, Educação e trabalho digno. Só assim prevalecerá a JUSTIÇA E A FRATERNIDADE entre nós. 


Na quarta página (contracapa) foi assim:


RIR AINDA É O MELHOR REMÉDIO


UM JEGUE CHAMADO CARDOSO


Marcos Aurélio - Marquinhos


A história de hoje fala de uns jegues urbanos e suas respectivas famílias. Os tais jegues atendem pelo nome de Cardoso Industrial A ou B - 1117  e seu primo Industrial A ou B - 1112, como preferir o usuário. Os jegues prestam serviço "e que serviço" de transporte há muito tempo, habituados a andar sempre na hora, digo, de hora em hora e como tradição familiar, com carga máxima (carroça suja, disfarçada de coletivo), sendo que um dos jegues (1112-B) se pirulitou pras bandas do Barreiro. Tais jegues são de propriedade de uma outra família, cada vez mais rica com o trabalho dos velhos animais. 

     Outra família já está com o direito garantido de que seus jegues não serão amolados por 10 anos, "sem concorrência", é mole? Direito garantido por padrinhos ocupantes da Prefeitura de Contagem. Bom, o jeito, sô, é pô os jegues pra corrê e pressioná os Vereadores a revogarem tal Lei de Prorrogação. Portanto, abra o olho, usuário de jegue coletivo, "senão, vamos andar de jegue a vida toda".

CONCORRÊNCIA JÁ! 





sexta-feira, 23 de setembro de 2022

O que há, José?

Ilustração: charge do Berzé, sobre o autor



Acaso a chuva que não veio
Não trouxe um meio,
Um veículo de fé?

Acaso as bombas no Afeganistão
Vingarão o Pentágono?
Saber quem você é
Resolverá a questão?

Dará pernas a crianças mutiladas?
Saciará a fome no mundo?
Suprimirá o latifúndio?

Qual é a dúvida, José?
Se muçulmanos são fundamentalistas?
Quais são os terroristas
Que derrubaram as torres gêmeas?

Que o exército do Talebã
É um bando de fanáticos?
Que a Klu Klu Klux Kan
São cidadãos pacatos?

Ou mais: que os carismáticos
Assim como os evangélicos
Que dançam gospels axés
São enigmáticos?

Que os programas de auditórios
Não têm ideologia
Os seus repertórios
São inocentes fantasias?

Sai dessa, ô José!
Zé Mané, Zé Ruela, Zé Dendágua, Zé Qualquer!

O capitalismo é um jogo de interesses.
Por trás da ingênua prece
E do precoce político oportunista
Ou no brinde dos capitalistas.

O poema que você lê
A música que você ouve
O noticiário da TV
Os fatos inéditos
Tudo foi para o caixa dois.
Contabilizaram prejuízos onde havia crédito
E dividiram o débito com você.
Custo e benefício
São meros artifícios
Da ideologia dos salafrários
Para fazê-lo culpado, alienado.
José Otário!

J Estanislau Filho

Poema que integra meu Nas Águas do Arrudas de 1984






sábado, 17 de setembro de 2022

Das Minhas Lembranças 45

 

O Grupo Oficina de Sonhos, que publicava o Informativo Intercâmbio teve uma vida de compromisso com a cultura, que vai de 1998 a 2003.  Começou com quatro visionários: Estanislau, Geraldo Bernardes, Marquinhos e Rubens Pinheiro.  Em seguida, Eliana, Elson Pego, Laura e Lúcia,  entrariam para  o grupo.  Publicamos cerca de 30 edições, distribuídos, preferencialmente entre os estudantes do ensino médio. Foram mais de cem mil boletins. Depois do terceiro número, provavelmente, em algumas escolas, professores vinham ao nosso encontro, para nos pedir alguns exemplares, que serviam de apoio em suas aulas. Isso era muito gratificante e nos estimulava prosseguir. 

     Felizmente eu mantive em meu arquivo quase todos os exemplares, o que facilitou contar aqui, apesar de algumas lacunas.  Além de seus fundadores, contribuíram com o grupo: Lair Estanislau, Eva Torres, Isis Aguiar, Neila Guimarães, José Francisco, Antoniele, Gabriel Silva, Antonio Marcos, Rodrigo. Apoiamos a criação de outro grupo, formado por adolescentes, o Grupo S/A (Sociedade Alternativa), composto por Fernando Stanys (meu filho), Tony Marcos, Fabiano, Charley, Léo e Paulinho, sob a coordenação de Eliana. Também colaborou com o grupo, ilustrando e diagramando, Roberto Caio, também meu filho.  Sem esquecer, que na reta final, recebemos o apoio cultural do SITRAEMG. 




     O número 27 do Intercâmbio, que prenunciava o fim do grupo, trouxe na capa um texto assinado pelo Tony.  Na páginas 2 a Eliana escreveu sobre meditação. na página 3, eu e o Rodrigo, que viria a se formar em jornalismo, fizemos uma pesquisa sobre o comércio da Rua Tiradentes e descobrimos uma venda, que funcionava desde 1965.  Na quarta página o Elson Pego dissertou sobre algumas frases de efeito, como por exemplo,  "Deve-se usar agulha descartável para injeção letal?".  Reproduzo o texto que eu e Rodrigo escrevemos na página 3, na coluna POIS É...:


Mercearia Leandrense Ltda


     Ao passar pela rua Tiradentes, 2.642 - Bairro Industrial - a Mercearia Leandrense desperta atenção. Em tempos de lojas de conveniências, shopping's e coisa e tal, a mercearia, que em pequenas cidades e lugarejos é chamada de venda, mantém viva a tradição de um comércio em extinção, principalmente nas metrópoles.

     Assim como a venda do "Seu Lidirico", lá em Araçuaí, como canta o músico Edilberto, a Mercearia Leandrense  - cunho nome é uma homenagem à Leandro Ferreira, município do oeste de Minas, de onde vieram os fundadores - tem de tudo um pouco: fumo de rolo, queijo, pinga com mel, palha de milho, isqueiro, facão, agulhas e linhas, lampião, chicletes, querosene, alho, lamparina, bomba de matar mosquito. Tem feijão, arroz, milho, tudo bem pesado em uma antiga balança de prato. E atrás do balcão, educada e feliz, Delfina perguntando o que o freguês deseja.

     A venda ou mercearia, "funciona neste endereço desde 1965, fundada pelo meu pai Elói da Costa Coelho, hoje com 93 anos", conta Delfina.

     "Sou feliz, nasci para o comércio. Meu pai me iniciou na profissão aos sete anos. Temos aqui todo tipo de freguês, do mais simples ao mais elegante. Eu e meu marido tocamos o negócio", diz Delfina com um leve sorriso. 

     Pois é, o Oficina de Sonhos deseja vida longo ao "Seu Elói", à Delfina e seu companheiro de luta, à toda família, e claro, à Mercearia Leandrense. 




J Estanislau Filho

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Das Minhas Lembranças 44


Boa parte dos textos que escrevi no Intercâmbio, viriam a fazer parte do meu livro de bolso Crônicas do Cotidiano Popular, publicado em 2006, edição do autor, que prefiro chamar de edição marginal, por estar à margem das editoras comerciais e da indústria cultural. 

     Como o informativo teve mais de trinta publicações, não pretendo relembrar todos. Aproveitando que estamos em 2022, ano de eleições, reproduzo o número 6, que foi dedicado às eleições, creio, de 1998: 


                  ODEIO POLÍTICA

                                     José Estanislau Filho


     Outubro tem eleição. Mesma história: tapinha nas costas, risos falsos, distribuição de quinquilharias, promessas, etc.  Mesma história: eleitor vendendo voto, enganando e deixando-se enganar, etc.  Ou desta vez vai ser diferente? Para quem odeia política e políticos, adoram reclamar e xingar, pode vender o voto e a cidade ou votar em qualquer um. Afinal os políticos são todos iguais. Certo? Errado, não são iguais.

     A prefeita de Betim é igual ao prefeito de Contagem? É diferente não apenas porque trata-se de uma mulher. É diferente porque governa de modo diferente. Compare! Odiar não é uma boa política e bem ou mal, somos todos políticos. Somos quando lutamos por emprego e salário, casa, saúde, educação; somos políticos quando pechinchamos nas lojas, quando odiamos e anulamos o voto, ou quando votamos em qualquer um. Quem xinga faz a política do xingamento; quem cala faz a política da omissão e da covardia. Quem participa faz a política da participação e está preparado para votar corretamente. VOTA DIFERENTE! Aos outros restam aceitar. Ainda que xingando e odiando. 


TRUQUES & GALHOS

...........Geraldo Bernardes


     PARA FUGIR DO ASSÉDIO 

    ELEITORAL DOS CORONÉIS URBANOS


Imagem: UFP



1) Pergunte-lhe sobre todas as atividades praticadas até hoje;

2) Depois procure investigar o que ele realmente tem feito na Câmara em benefício da população em geral. Você perceberá que foi enganado novamente;

3) Se algum cabo eleitoral vier pedir-lhe voto para algum Coronel, siga as instruções 1 e 2;

4) Pergunte ao cabo eleitoral se compensa trabalhar 3 meses na campanha e dar 48 meses de salários, para o Coronel legislar em causa própria;

5) Procure evitar estes vínculos com os Coronéis, pois eles podem se tornar vitalícios;

6) Não se esqueça: a eleição é, também, como um Plebiscito. Se você não está satisfeito(a) com o desempenho de algum político, nem por isso deixe de votar. Pelo contrário, dê seu voto de protesto, votando naquele que mais se identifica com você!


                                                 BOM VOTO!


POIS É...  Rubens Pinheiro da Cruz e Eliana


LEI DE GERSON: 
Imagem: Google


É vantagem?


É muito comum ouvirmos atualmente as pessoas comentarem: "o mundo não tem mais jeito", "políticos são todos iguais: ladrões e corruptos" e vejam bem!: "aquele roubou mas fez", enfim, "é cada um por si e Deus por todos".

     Vivemos um sistema perverso e egoísta que nos induz, propositalmente, a termos determinados comportamentos que tragam vantagens aos poderosos,  que idealizaram este sistema. Assim praticamos a Lei de Gerson, a de levar vantagem em tudo e, sem termos consciência disso, a estendermos em nossos lares e comunidade. Ensinamos nossos filhos a não levar desaforo para casa, a levar o melhor e maior pedaço. Já passou por nossas cabeças que eles serão os adultos de amanhã, inclusive políticos? E como? Sem a educação que valorize a solidariedade, honestidade e justiça?

     Pois é... É urgente que nos conscientizemos de nossa imensa capacidade como seres humanos, agindo com mais responsabilidade e priorizemos como Lei primeira o respeito profundo ao próximo e o amor à justiça e igualdade. Só assim seremos mais felizes no futuro, num novo sistema, sem miséria, corrupções e vantagens pessoais. 


RIR AINDA É

O MELHOR          CONTAGEM DAS ABÓBORAS

REMÉDIO             


Imagem: Google



..................................     Marcos Aurélio (Marquinhos)


A coisa é mais ou menos assim: anos atrás havia em nossa cidade um trevo ( espécie de cruzamento de duas ruas), onde os moradores se encontravam para negociar, contando-se assim as abóboras. Daí o nome Contagem das Abóboras. Pois é, como toda boa cidade, tinha à frente de sua direção duas ilustres tradicionais famílias. Uma a conhecida família do Senhor Fulano. A segunda, a tradicional família da Senhora Coisinha. O tempo passou e com ele vieram as melhoras e os políticos, também  cidadãos ilustres da boa família contagense, filhos, netos, sobrinhos, primos, etc. da Senhora Coisinha e Senhor Fulano. Vieram as eleições, o ilustre filho da Senhora Coisinha com o vice (claro), neto do Senhor Fulano. Mas este ano as tais famílias resolveram inovar, lançando dois candidatos: um descendente do Senhor Fulano e outro conhecidíssimo descendente da Senhora Coisinha. E pra não dizer que não falei das flores, o fato de fato é que pintou novidade no jardim: uma flor em forma de mulher desabrocha, para mudar as cores pálidas e repetidas nas eleições deste ano.


"O HOMEM É UM ANIMAL POLÍTICO"

Aristóteles 


terça-feira, 13 de setembro de 2022

Das Minhas Lembranças 43


Imagem: acervo do autor


Conto como criamos  os conteúdos no número 0 do nosso boletim Intercâmbio, distribuídos nas escolas do bairro Industrial e em algumas do bairro Amazonas, em Contagem.  Na capa eu escrevi a crônica Olhar, que viria integrar, tempos depois, ao meu livro de bolso Crônicas do Cotidiano Popular: 


Pelos olhos se conhece o coração das pessoas. Expressões como "fuzilou-me com os olhos"; "olhar bondoso"; "olhar assustado", etc., traduzem sentimentos e emoções. O olhar assustado do filho diante do olhar severo do pai.

  Os olhos brilham diante de uma obra de arte. Arregalamos os olhos sobre um prato saboroso e, se estamos a fim de alguém, estabelecemos contato através do flerte: olhar de desejo, olhar apaixonado.

  Os olhos fotografam belezas e horrores. Alguns dizem que as plantas secam com um mal olhado e o que os olhos não vêem, o coração não sente.

  Lançando um olhar sobre o Brasil, enxergamos paisagens belas: rios, matas, pássaros, cidades com ruas limpas, praças e jardins bem cuidados, casas bonitas, crianças entrando e saindo das escolas em algazarras. São belezas.

  Porém, há o outro lado, que fere os olhos e dói o coração: ruas e estradas esburacadas, erosões, becos e corações sombrios, crianças abandonadas, gente catando comida no lixo, olhos no chão, tristes olhos no chão, a natureza sendo violada, poluição, incêndio nas matas.

  Olhar nossa casa, nossa rua, nossa cidade, o País, o mundo, o Universo: o céu está estrelado, a lua brilha!

  Olhar tudo, sem preconceito, pois o que os olhos vêem, o coração sente e quando o coração sente... bem, aí é outra história.


Na segunda página, que números depois passaria à quarta, RIR É O MELHOR REMÉDIO, Marcos Aurélio, o Marquinhos escreveu:


Cavalo educado organiza fila de ônibus


Tudo aconteceu em uma tarde de segunda-feira na fila de ônibus 112-A - B. Industrial.

     A fila atravessava o quarteirão, o ônibus não aparecia há mais de 1 hora, o nervo à flor da pele. Foi então que de repente lá vem ele. O ônibus? NÃO!, o cavalo, digo, o guarda com seu ar imponente de policial montado em seu cavalo e em seguida o tão esperado ônibus. Não deu outra: tinha gente para encher três ônibus. Confusão armada, fura fila dali e daqui. O guarda, por sua vez tentando organizar a fila acaba batendo com a cara do cavalo em uma senhora, que enlouquecida de raiva gritou:

     - Seu mal educado!...

     - Mal educados são vocês! - retrucou o guarda. Se o povo fosse educado não precisaria de cavalo para organizar fila de ônibus.

     A senhora, feliz da vida, soltou uma gargalhada e disse:

     "O senhor tem razão, Senhor Cavalo, desculpe, seu guarda!"


"É MAIS DIFÍCIL OCULTAR IGNORÂNCIA DO QUE ADQUIRIR CONHECIMENTO".


Na página 3 , na coluna TRUQUES & GALHOS, Geraldo Bernardes deu explicações sobre DIARRÉIA, e LUXAÇÃO. Enquanto em POIS É..., Rubens reproduziu a fábula:


POIS É...

" Há muito tempo atrás uma grande floresta começou a pegar fogo. Os animais corriam desesperados tratando de salvar a própria pele. Foi aí que um leão parou ao ver um pequeno beija-flor. Ele voava até o rio, pegava água, jogava no fogo, voltava para o rio e assim continuava...

     - Ah, beija-flor! Você acha que vai conseguir apagar esse fogaréu? Perguntou o leão. 

     O beija-flor respondeu:

     Sei que não vou conseguir apagar todo esse fogo sozinho, mas estou fazendo a minha parte". 



imagem: Google


 

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Das Minhas Lembranças 42

 

Iniciamos o Intercâmbio, boletim do Grupo Oficina de Sonhos com o número zero, para que, à partir do número 1, o formato e os conteúdos fossem definidos. Como a repercussão foi boa, modificamos pouca coisa.  E de novo recorremos ao chargista Berzé, para a diagramação, no que fomos prontamente atendidos.  Assim, lá pelos idos de 1998, o número 1 ficou assim:


O VIZINHO É O PARENTE MAIS PRÓXIMO


José Estanislau Filho


Bom é viver em harmonia com o vizinho. Afinal, estamos ali juntinhos, parede-meia, um socorrendo o outro na hora das necessidades.

  - Laura, me empresta dois reais para comprar pão e leite, que acerto depois.

  - Simone, a alfavaca é um santo remédio para os rins.

  - Eliana, você protege a minha casa durante a minha viagem de férias?

  - Claro! E águo as plantas com o maior prazer, Sandra.

 Bom vizinho é assim: sempre pronto para praticar a solidariedade, fazendo nascer e fortalecer as amizades.

  Um remédio caseiro, uma receita de bolo, uma ferramenta emprestada e devolvida, uma muda de planta, um jogo de truco... Seis! Ladrão!... Uma palavra amiga, de consolo. E por aí vai.

  Todavia nem sempre é assim. Às vezes um quer levar vantagem, dar uma rasteira, tipos espertos, “coelhos”. Som alto até tarde. Lixo no passeio do outro. Fofocas, calúnias. Zoeira no boteco da esquina, ou membros de uma nova seita gritando sons estranhos.

  Nenhuma relação, para ser boa, pode ser unilateral e praticar a política de boa vizinhança é, no mínimo, usar a inteligência.

Inveja, que bobagem! Se o vizinho comprou um carro novo ou reformou a casa, que bom!

  Casa bonita enfeita a rua, e o carro, bem, o carro...

  - Ei vizinho! Minha mulher está sentindo dores.

 Pronto, chegou a hora do parto. Lá vai o vizinho com seu carro, socorrer.

  Como já diziam os nossos avós: o vizinho é o parente mais próximo.


O texto acima, de minha autoria, era da capa.  O TRUQUE & GALHOS foi para a página 2 de responsabilidade de Geraldo Bernardes, falava das qualidades da alfavaca no tratamento de saúde. na página 3 Rubens e Laura escreveram sobre os 500 anos de Brasil:


Brasil!

País de muitos credos e culturas.

País que se diz descoberto há 500 anos!!!

Será mesmo?

Não é de se envergonhar?

Como descoberto?

Já havia aqui habitantes!

Pois é...

Povo que tinha toda essa imensa terra

E que hoje dela é apenas inquilino

Vivia em liberdade. 

Liberdade de andar nu, de usar a terra e a natureza, de buscar nela sua sobrevivência, sem destruí-la.

É!... Os índios eram parte da natureza. Mais: Eram a natureza.

Que pena!

Homens se dizendo civilizados destroem, desencantam...

Arrancaram desse ser ingênuo sua crença, seus hábitos, sua pureza!

Naquele tempo sim! "Todo dia era dia de índio"

E hoje eles (os poucos que ainda restam)

Só têm o dia 19 de abril!


Quem não vive para servir, não serve para viver - Ghandi


Na quarta página, na coluna RIR AINDA É O MELHOR REMÉDIO,  Marquinhos escreveu:


O caso se deu da seguinte forma:


     O povo do Bairro Industrial estava danado da vida com as guias de impostos enviadas pelas prefeituras de Contagem e Belo Horizonte. A associação do bairro travou luta feia pela definição dos limites municipais do bairro: Foram abaixo-assinados, audiências, manifestações, etc. 

     Acontece que o leite estava correndo solto e o que é melhor: de graça. Se o povo e a associação não agissem, até a Prefeitura de Betim iria mamar.

      Foi assim que a vaca foi para o brejo, com os moradores proclamando: A onça vai beber água!

     A associação recolheu todas as guias dos impostos dos moradores. A indiferença oportunista dos prefeitos incomodava. Aí surgiu a ideia:

     - Fogo nisso!

     Levaram todas as guias dos impostos para a porta da Prefeitura e atearam fogo. Uma beleza! Parecia Festa Junina.

     Assim foi resolvida a questão: Bairro Industrial é Contagem mesmo sô! E não se fala mais nisso. 

     Até hoje se ouve o comentário:

     - O povo do Bairro Industrial é fogo

     E Botafogo nisso!


J Estanislau Filho



segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Das Minhas Lembranças 41

Prometi no capítulo anterior que reproduziria os conteúdos do Intercâmbio número zero.  Aí eu me lembrei de minha participação no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, que se não me falha a memória, foi em 2001. Fui participar de um seminário da Central de Movimento Popular-CMP.  Havia representantes do movimento popular de todas as partes do Brasil, como MST, MTST, movimento de luta por moradia, da saúde, meio ambiente e outros. Eu me lembro do representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto-MTST fazer uma intervenção, que me deixou impressionado pela capacidade de argumentação.  Era um militante jovem, que defendeu sua tese de forma bem articulada.  Não me lembro quem era, mas tenho quase certeza que era o Boulos.

     A Democracia permite o encontro da diversidade. O Fórum Social Mundial, cujo slogan era Um Outro Mundo é Possível, tinha oficinas, conferências e seminários temáticos.  Tinha palestrantes, como  Noam Chomsky e Frei Beto, entre outras e outros intelectuais e artistas do Brasil e do mundo.  Além do seminário da CMP, ouvi a palestra de Frei Beto, que foi quem pensou a criação da CMP, uma espécie de CUT do movimento popular.  Mas quero contar são alguns acontecimentos que não têm registro. Sobre o Fórum, basta uma busca no Google.




     Foi a primeira vez que fui a Porto Alegre. Foi em janeiro, ou fevereiro. Cuidei de me prevenir, levando uma jaqueta jeans, por causa do frio. A jaqueta tornou-se um estorvo. Não cabia na mochila.  Fazia um calor de uns quarenta graus.  Só então fiquei sabendo que lá tem as quatro estações. No inverno faz um frio de lascar; no verão um calor arretado. Ao chegarmos, não tinha hotel, nem pousada, tudo lotado. O Zé Geraldo, companheiro de viagens e dirigente da CMP  não tinha feito uma  reserva. Ele ligou pra alguém, que instruiu irmos para o município de Esteio, na região metropolitana.  Que situação! Pegamos o trem na estação do metrô e rumamos para lá.  O local da hospedagem era o parque de exposição agropecuária.  E de novo, não tinha alojamento. Passamos parte da noite, cansados, juntos com vários companheiros e companheiras, numa imensa área coberta. Nessa hora a jaqueta me serviu de travesseiro. Estávamos cansados de dar pernadas. O calor produziu um odor, queria entrar debaixo de uma ducha. Pernilongo! O inseto fazia acrobacia e cantava em meus ouvidos. Não conseguia tirar uma soneca. Passado umas horas, o Zé Geraldo me chama. Conseguira espaço num  alojamento. Os pernilongos atrás. Tinha uns colchões no chão. Depois do banho, fomos dormir. O Zé, virado de costas, roncava como um... deixa pra lá.  Não ligava pros pernilongos sugando seu sangue pelas costas.  Pernilongos sempre me tiraram o sono. Por mais cansado que esteja, não consigo. Principalmente pelo zumbido nos ouvidos.  Caramba, o que fazer? Um companheiro de Belém me ofereceu um repelente feito a base de ervas do Pará. Ele, como tantas e tantos, vendiam produtos trazidos de suas terras. Principalmente artesanatos. 

     Terminado as atividades do fórum, retornei num ônibus do Sindicato dos Metalúrgicos de BH, Contagem e região. O Zé voltou de avião. Foram vinte e nove horas de viagem. O ônibus era confortável e me permitiu dormir praticamente o tempo todo. 

     No próximo capítulo cumpro a promessa do capítulo anterior.





J Estanislau Filho  

 

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Ao vencedor as batatas!

Imagem: Google


Cidadãs e cidadãos com algum grau de conhecimento e consciência política, sabem que a prisão de Lula foi política.  O que ocorreu foi uma farsa jurídica, que garantiu a eleição de Bolsonaro em 2018.  Quem tinha interesse nisso?  Os mesmos que financiaram e insuflaram o povo a ir às ruas à partir de 2013,  culminando no golpe contra Dilma.  Hoje sabemos, graças a ações, por ironia, do SUPREMO,  que silenciara durante o processo de julgamento por um juiz parcial do ex-presidente Lula. 

    Empresários de diversas partes do país, como Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, do shopping Multiplan; José Koury, do Barra World Shopping, Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca surfwear Mormaii foram flagrados num grupo de WhatsApp, planejando um golpe contra a Democracia. São empresários declaradamente bolsonaristas. Alguém acredita que serão investigados, julgados e condenados? Tenho minhas dúvidas. E se forem, receberão o mesmo tratamento dado ao Lula? A mídia, em especial, a rede Globo, vai insuflar o povo a ir às ruas pela prisão desses golpistas, sonegadores de impostos?   O espetáculo jurídico-midiático não aconteceu e provavelmente não acontecerá . Até o momento reina o silêncio.  Esse escândalo só veio ao público, graças aos jornalistas do UOL, que deram o furo.  Muitos de nós sabíamos quem eram os arruaceiros, só que agora é público.

Imagem: Google

     Os escândalos se sucedem, envolvendo a "imobiliária" Bolsonaro na compra de vários imóveis com milhões em dinheiro vivo.  Dinheiro vivo, como todos e todas sabem, vem de lugares, geralmente sujos.  Para o bem da família, certamente dirá um malafaia da vida.  A grande mídia silencia, tergiversa, mas quando Lula visitou um apartamento foi o suficiente para se juntarem a delegados, promotores, juízes, tuiteiros e gritarem "corrupção, corrupção, corrupção!!!" 

   Lula saiu da prisão política de cabeça erguida e como disse Booner no Jornal Nacional  "o senhor não deve nada à justiça", para, como líder nas pesquisas, vencer estas eleições e trazer de volta a paz e as políticas de inclusão social, apesar dos "nem nem", que querem uma segunda via, cuja finalidade é levar a eleição para o segundo turno, porque nem Ciro, Simone, esta alçada a queridinha da grande mídia, conseguirão reverter a polarização Lula x Bolsonaro. 

     Se as pesquisas dos institutos sérios estiverem corretas, e geralmente estão, ou Lula vence no primeiro turno, ou vai, como quer os neoliberais, vencer no segundo,  em que o establishment o forçará a afrouxar o programa de governo. 

   De qualquer forma, quem vencer estas eleições pegará um país destroçado. Como diria Machado de Assis: ao vencedor as batatas! 


Imagem: Google


J Estanislau Filho


Sem medo de ser feliz


Vem de dentro, eu sei, de novo um sentimento

Por muito tempo esperei, e o coração segue pulsando

Sem medo de ser feliz


Há uma voz que tentaram calar

Mas essa estrela não vai se apagar

E o brilho ilumina a esperança

Com fé num futuro melhor eu vou

Sem medo de ser feliz

Quero ver chegar


Lula lá, brilha nossa estrela

Lula lá, renasce a esperança

Lula lá, o Brasil criança na alegria de se abraçar


Lula lá, com dignidade

Lula lá, o Brasil merece

Outra vez oportunidade pra sorrir

E brilhar nossa estrela


Lula lá, brilha nossa estrela

Lula lá, renasce a esperança

Lula lá, o Brasil criança na alegria de se abraçar


Lula lá, com dignidade

Lula lá, o Brasil merece

Outra vez oportunidade pra sorrir

E brilhar nossa estrela


Lula lá, brilha nossa estrela

Lula lá, renasce a esperança

Lula lá, o Brasil criança na alegria de se abraçar


Lula lá, com dignidade

Lula lá, o Brasil merece

Outra vez oportunidade pra sorrir

E brilhar nossa estrela