quinta-feira, 30 de abril de 2015

Homenagem ao Dia do Trabalhador (Aos Trabalhadores do Brasil)





A – Aquela voz que mais precisa ser ouvida
B – Brava gente que não esmorece em sua lida
C – Coragem não falta nas agruras dessa vida
D – Deus proteja o seu povo de sua sina sofrida

E – Esse mundo vai saber que não somos só o samba
F – Forte é o brasileiro mesmo andando na corda bamba
G – Guerreiro verdadeiro em seu desafio não descamba
H – Herói do anonimato que a torpe elite cruel esculhamba

I – Ignorância não reconhecer o valor da massa trabalhadora
J – Jamais podemos aceitar qualquer forma de política opressora 
L – Leis trabalhistas justas e decentes precisamos como provedora 
M – Maior das injustiças é esta desigualdade salarial esmagadora

N – Nem mesmo tecnologia ainda substitui cabeça pensante
O – O homem com suas ideias e força é o grande ser operante
P – Precisa-se de mão de obra qualificada em todo o instante 
Q – Quando se junta juventude é experiência o saldo é brilhante

R – Respeitar conquistas já adquiridas é mais que necessário
S – Sempre é bom lembrar que trabalhador é digno do salário
T – Toda função tem valor e merece o reconhecimento necessário
U – Unidos e informados não deixaremos prevalecer um sistema arbitrário

V – Vencer é fazer nossa parte por um futuro mais promissor
X – Xeque –mate na injustiça são direitos iguais em todo setor
Z – Zombaria com o proletariado faz um país atrasado e desertor

Fábio Brandão
Poeta, escreve no Recanto das Letras e em vários blogs.


Ilustração:Os Operários, obra de Tarsila do Amaral

Estilo poético criado por Norma Aparecida Silveira Moraes

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Sonho






foi um sonho revelador
você me olhava e sorria
na tela do computador
ao ler as suas poesias
um sentimento brotava
assim como imaginava
um amor sem fantasia
amor real e verdadeiro
meu coração pulsava
abarcando o corpo inteiro
você invadiu meu sonho
acendeu nova chama
como descrever tamanha
força do amor de Sicrana...







J. Estanislau Filho

Imagem: Casa de Tiradentes-MG, por  Fabrício Adriano Chaves.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Segredos da Casa Antiga





A casa continua lá. De pé. Onde os pés de um menino pisaram o chão de terra batida. Passou por pequenas modificações, mas a estrutura é a mesma, que o pai deixou.
     A mesma fechadura da porta do quarto em que viu, pelo orifício, cenas de amor de um homem e uma mulher. O banheiro, que esconde os mistérios do corpo de uma das esposas de Jesus, nua, pele branca como o leite em seu banho benfazejo.
     A vizinha do lado esquerdo de quem sai da casa e suas coxas grossas, diáfanas, não mora mais lá. E o menino, libido à flor da pele, atirava-lhe agrados pelas frestas da janela, enquanto ela dormia, inocente, pernas à mostra.
     O antigo proprietário e seu construtor, assim como sua companheira, não a habitarão jamais. A não ser em espíritos, se espíritos existirem, como alguns acreditam.
     A casa continua lá, guardando segredos.




J Estanislau Filho.

Imagem: JEF

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O Voo da Borboleta



Ao voar para aquele terceiro encontro, a borboleta, que saíra do casulo em plenilúnio, estava convencida de que seria o último, como conjeturara em seus minúsculos ouvidos uma profetisa. Sentimento introjetado voou em sua própria direção.
          Não foi um pouso suave como prometera à flor de cacto, áspera de natureza.
          A flor, ainda assim, mostrou-lhe a paisagem esplendorosa, ofertou-lhe o néctar, que a borboleta sorveu em êxtase. Confessou ter provado o melhor néctar de toda a sua efêmera existência.
          Contudo os campos não seriam polinizados, pois a borboleta e o cacto  desarvoraram-se.
          Dizem que a borboleta voltou ao casulo, para não mais sair.


J Estanislau Filho

Do livro Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros - página 27.


A CASA SEM JANELAS.






A casa ficava em um sitio. Ao seu redor, tudo muito bem cuidado, com um pé de manacá ao lado da porta de entrada  e uma roseira plantada em um velha lata de  banha. Um pouco afastado da casa, um galinheiro com galinhas poedeiras e um poço de água cristalina. Pouco se sabia  sobre os donos da casa, apenas que trabalhavam de sol a sol na lavoura, plantando e colhendo mandioca, milho,  café  e cana de açúcar. Assim era vida do velho Jeremias e seu filho Bernardo. De vez em quando iam ao povoado trocar seus produtos por outros que não produziam. Entretanto, algo intrigava  o povoado: a casa dos dois não tinha janelas, apenas duas portas, uma na frente e  outra nos fundos. A única pessoa que um dia entrara lá, disse nada haver  de especial lá dentro, apenas  um caixote  de mais ou menos dois metros de comprimento com várias rosas em cima.  E que a casa tinha duas telhas de vidro no telhado, mas mesmo assim era escura e calorenta. Um sujeito, cuja curiosidade ia  além dos limites deu um jeito de entrar na casa e viu  o caixote enfeitado com as rosas da velha lata.  Ao abri-lo deparou-se com um esqueleto todo vestido de branco, com roupas femininas. O povoado ficou sabendo da novidade e a policia foi investigar o fato. O esqueleto era da finada mulher do velho  Jeremias, que chorou todas as lágrimas possíveis  ao enterrar os ossos da finada esposa.


Conceição Gomes



segunda-feira, 13 de abril de 2015

Tenho dois corações dentro de mim



tenho dois corações dentro de mim
um bate forte apressado
outro bate leve compassado

um coração espera
outro desespera

tenho dois corações dentro de mim
um sonha feliz delira
outro move devagar inspira

um coração chora
outro implora

tenho dois corações dentro de mim
um me deixa sem fala
outro sempre canta embala

um coração frágil
outro ágil

tenho dois corações dentro de mim
um pulsa meio aflito
outro calmo sem conflito

um coração deserto
o outro esperto

Tenho dois corações dentro de mim
um sorri suave de mansinho
outro quieto me faz carinho

tenho dois corações fecundos
aonde cabe todo amor do mundo.


J Estanislau Filho

                                                                                     Dedicado a uma mulher grávida em 15-03-1990.

                                              Poema do meu livro O Comedor de Livros - página 26

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O Amor



Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zoo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
a mãe,
pelo menos a Terra.

                                                                                           

                                                                                                         

                                         Vladimir Maiakovski (1893-1930)

                           

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Amor e Ódio



Ao darem a palavra de honra de não tornar pública suas relações amorosas, decidiram, em conluio,  plantar um jardim, para selar o pacto. Sonhavam ver seus caminhos juncados de flores e em volta, o chilreio dos pássaros.
     Caminhavam de mãos dadas pelos parques, sorrindo e se beijando. Sentavam-se em bancos de praças arborizadas, observando atentamente a fonte luminosa e os passantes. Em casa saboreavam bolinhos-de-chuva.
     Cego de amor, ele prometeu ir até o sol e trazer acesa a tocha, para aquecer seus dias. Ela prometeu acender círios coloridos pela casa, todas as noites, para que o breu não os impedisse de ver o brilho de seus olhos. Ele garantiu que iria ao fundo mar capturar um cavalo-marinho e o colocaria em um aquário, para o sortilégio de uma felicidade a dois.
     Todavia a névoa chegaria, impedindo-os de vislumbrar olhares dissimulados, gestos de fastio.
     Dos sussurros nos ouvidos percebiam orgasmos fingidos. Noites mal dormidas.
     No jardim as flores murchavam.
     Os círios foram se apagando um a um.
     O brilho dos olhos foi substituído pela palidez.
     Os sorrisos, outrora espontâneos transformaram-se em arremedos.
     As palavras tornara-se ásperas, insípidas.
     Agora o mundo inteiro ouvia as pragas mútuas.
     A honra fora substituída pela desonra.
     O amor pelo ódio.


J Estanislau Filho 

Do meu livro Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros páginas 61/62
Os últimos exemplares ainda podem ser adquiridos no site da editora Protexto:
www.protexto.com.br