terça-feira, 31 de março de 2020

Pandemia (Um soneto apressado)

                                                                  Imagem: jef





Cada um quer a vida do seu jeito:
Casa, comida e roupa lavada
E tudo certo, na hora marcada
Como se [nós] fossemos perfeitos

De Deus imagem e semelhança,
Contudo somos grão de areia
Que se debate com esperança
De sermos diamante na bateia

Nesse debater não respeitamos
As lições que a vida [nos] ensina:
De sermos solidários, humanos

Abate sobre nós uma pandemia
A lembrar que a vida nos destina
De vivermos em plena harmonia...



J Estanislau Filho

sexta-feira, 6 de março de 2020

Tia Rosa



Numa manhã de sol, eu e Tia Rosa fomos ao pequeno rio de águas diáfanas, que cortava as terras de meus avós. Morávamos na roça. Tia Rosa era bonita. Alta, pernas longas e bem torneadas, quadril largo. Quando ela caminhava à minha frente, rebolando suavemente os quadris, eu ficava agitado. Tia Rosa morava na capital.  Eu tinha dezessete anos, ela trinta e seis. 

     Ao chegarmos ao rio, ela tirou a roupa. Inteiramente nua mergulhou nas águas cristalinas. Ela nadava muito bem. Parecia uma sereia. Eu fiquei à margem, vendo-a nadando sem se preocupar com a minha presença. Sentei-me num tronco de árvore tombada. Meu corpo parecida estar em chamas, enquanto Tia Rosa flutuava. Saiu da parte funda do rio. Ao entrar na parte rasa, toda molhada, pensei que desmaiaria. Jovem matuto, nunca vira uma mulher nua. Os seios de Tia Rosa eram pequeninos, desproporcional em relação ao corpo, como duas peras. Ela fez sinal, convidando-me a entrar na água. Minhas pernas tremiam. Meu rosto estava em brasa. Tia Rosa soube me encorajar. Num ímpeto tirei o calção. Tia Rosa deu um riso leve ao ver meu pau ereto. Pegou-me pelas mãos e me chamou de menino bobo. Estas palavras mexeram com o meu brio. Desnecessário contar o que aconteceu. 

     Ao retornarmos ela disse apenas para eu não contar à minha mãe o que acontecera. A ninguém. 




J Estanislau Filho


Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência.