sábado, 30 de abril de 2022

Das Minhas Lembranças 26


 Imagem: Google

Em 2006 a mídia corporativa batia impiedosamente no Partido dos Trabalhadores e em suas principais lideranças, por conta das denúncias do mensalão, iniciadas em 2005.  Joaquim Barbosa fora alçado à condição de Herói Nacional. Todo dia, uma denúncia  envolvendo Delúbio Soares, o Deputado José Genuíno, Silvinho Pereira,  José Dirceu, o Deputado João Paulo Cunha, o marqueteiro Duda Mendonça, o empresário Marcos Valério, suposto operador do mensalão, também chamado de caixa 2. 
  
É nesse contexto que vou fazer parte da Executiva Municipal. Como disse anteriormente,  com a saúde abalada e  nuvens obscuras sobre minha cabeça.  A reeleição de Lula corria sérios riscos.
  
Ainda está vivo em minha memória, o debate ocorrido numa reunião do diretório municipal.  Estávamos perplexos com as denuncias de corrupção martelada cotidianamente.   Ninguém se conformava com o recebimento de propinas por parte de lideranças e membros do governo Lula.  A indignação era tanta, que o companheiro José Geraldo propôs desfiliação em massa.  Apesar das tais nuvens sobre a minha cabeça, um raio de lucidez me levou a pedir calma, devagar com o andor, que o santo é de barro, disse na ocasião.  E disse mais: que deveríamos pensar num golpe contra o governo, às vésperas da eleição presidencial. Eu tinha sérias dúvidas da veracidade das denúncias, que precisávamos esperar os desdobramentos.  A proposta de desfiliação foi abortada.  Enquanto isso, Joaquim Barbosa bombava nas manchetes: O menino pobre que veio salvar o Brasil.  Eu dialogava com os meus botões, que havia uma conspiração em curso.  Todo dia o Jornal Nacional exibia tubos de esgoto jorrando dinheiro.  Foi um momento difícil, que deixou sequelas.  Muitos e muitas, decepcionados, saíram do partido. Assim como outros tantos e tantas, decidi que não poderia abandonar o barco naquela altura.  Travamos o bom combate.  E Lula se reelegeu e continuou implementando políticas de inclusão social, assim como Marília Campos, que se reelegeria em 2008.
 
Em 2010, apresentei minha carta de desfiliação. Sobre a minha saída do partido, contarei no próximo capítulo. 

J Estanislau Filho

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Século XVIII, Cachaça e Cia

 

Engenho Século XVIII - Imagem cedida por Zélia Zelinha

Falar do século XVIII é prosa pra mais de horas. Para não cansar o leitor e a leitora, dividi a crônica em dois assuntos: a Inconfidência Mineira e a cachaça. Temas que se encaixachaçam perfeitamente.
     Os inconformados inconfidentes não queriam papo com a Coroa Portuguesa. Chegara a hora da ruptura. Para que isso acontecesse, precisavam se organizar. Planejamento exige conversa e conversa precisa de pessoas. Nesse caso, dispostos à luta. Ah, precisavam, também, de um local seguro.  Um desses locais foi a Fazenda do Pombal, localizado em Ritápolis, à beira do Rio das Mortes, na região de São João del Rei, Tiradentes e Coroas, que tempos depois, com a emancipação, passaria a se chamar de Coronel Xavier Chaves. 
     O líder desse movimento separatista era o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido por Tiradentes.  Assim como Tiradentes, seus companheiros, não eram de ferro.  Durante as reuniões conspiratórias, para acalmar ou exaltar os ânimos, tomavam umas biritas. Consta que a cachaça vinha do Engenho de Coroas, à beira do Ribeirão Mosquito. Mas isso o narrador não garante. Vai que é fake. Fica a dúvida. 
     De qualquer forma, a Coroa Portuguesa, também não queria conversa. Tratou logo de dar cabo ao movimento. Prendeu todos os envolvidos, e para provar que não estava de brincadeira, enforcou Tiradentes no dia 21 de abril de 1792. Por tudo isso, o século XVIII é um marco importante em nossa história. 
     Quanto ao Engenho, não há dúvidas, continua em funcionamento e é o mais antigo do Brasil, quiçá do mundo.  É patrimônio histórico de Coronel Xavier Chaves, nas Minas Gerais, no coração do Vale das Vertentes, produzindo as famosas cachaças Século XVIII e Santo Grau, sob o comando do Mestre Nando Chaves,  descendente da oitava geração de Antônia Rita da Encarnação Xavier, irmã mais nova de Tiradentes.  
     E como bom fabricante das premiadas cachaças, o  Nando conta: "Lá pelo ano 2000, um repórter  da revista Play Boy escrevia uma matéria sobre as cachaças produzidas em Minas. Como somos referência no ramo, o repórter veio conhecer a nossa esquenta peito. Conversa vai, conversa vem, meu pai (Seu Rubinho), interrompeu a prosa, para que o repórter provasse da branquinha. O tal repórter, cujo nome não me lembro, com cara de espanto exclamou: - Nas minha pelejas como repórter, só tenho encontrado a cachaça amarela, a sua é branca!  Meu pai respondeu na lata: - Uai, minha cachaça é branca, porque não tem vergonha de ser cachaça.  Todos caíram na gargalhada. 
     Em seguida, Seu Rubinho oferece um trago da xodó do Engenho, a Século XVIII, do rótulo vermelho. Enquanto degustam, num brinde fraterno, Nando completa: - Cachorro que não morde, pimenta que não arde, cachaça que não é forte, não resolve.


 Seu Rubinho, Nando e Francisco-três gerações Século XVIII


As saborosas do Engenho Século XVIII


Vista parcial do Engenho Século XVIII

domingo, 10 de abril de 2022

poema conservador

 

Imagem: Google


o que esses pastores
querem conservar
são valores monetários
para os seus ministérios

em nome da bíblia
da pátria e da família
dilapidar  erário
com semblante sério

operando milagres
subtraindo salários
tanto de pobres
quanto de médios operários

o que querem esses adoradores
do bezerro de ouro
é arrancar o couro
do rebanho distraído. 


Imagem: Google

J Estanislau Filho