sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Nas Trilhas da Chapada Diamantina

 


Morro do Pai Inácio e lago em Igatu, imagem: Jefil


O sonho de conhecer a Chapada Diamantina foi interditado pela pandemia da COVID-19. Mas assim que a vacinação se intensificou começamos a refletir sobre realizar o sonho. Sentimentos opostos tomavam conta do meu ser: tristeza pelos milhares de mortos e sequelas emocionais deixadas em parentes e amigos; alegria pela redução dos casos e o retorno das atividades, ainda que, parcialmente. As reflexões pareciam não ter fim: desemprego, fome, milícias, custo de vida, perda de direitos sociais, os incêndios devorando flora e fauna. Por outro lado o sentimento de querer viver. E a certeza de que a chuva benfazeja chegaria, para fazer brotar a vida, na natureza e nos corações. Fôramos informados de que chovera bastante na Chapada. Hora de pegar a estrada. Tínhamos outro impedimento: faltávamos o conhecimento das trilhas e um veículo, que suportasse o tranco. O problema seria logo solucionado com o convite de Larissa e Ricardo, que conhecem cada palmo da Chapada. Nosso primeiro destino era o Vale do Capão. No caminho, fotos do Morro Pai Inácio e uma parada para conhecer o Poço do Diabo. Lá eu pensei: o mundo não vai acabar pela ação dos malignos. Mergulhamos no poço e nos fartamos de beleza. No Capão fizemos duas trilhas, da Purificação, que tem no percurso a Angélica foi a mais "pesada", com cerca de 6km de rio, pedras e vegetação. Almir elogiou a resistência de Antonia. Sem querer fazer trocadilho, vale a pena conhecer o Vale do Capão. Ao retornarmos, passamos por Lençóis, cidade histórica e charmosa. 

  Não tardou muito para que Larissa e Ricardo nos convidassem a conhecer outra parte da Chapada. Dessa vez, na companhia de Dona Irá e Nelson. Destino: Mucugê. No caminho, uma parada em Igatu, lugarejo ideal para pousar uns dias e saborear silêncio e paz. Mucugê me fez lembrar a minha querida Tiradentes. Ruas calçadas de pedra, com muitas pousadas, comida boa, clima ameno e ao redor, as cachoeiras de águas de cores avermelhadas, limpas. Beleza de encher os olhos. Disse a Antonia, que moraria em Mucugê, de boa! Nesses dias tive pouco tempo para lembrar da desordem que tomou conta do Brasil. Ah, o preço da gasolina...

  Aqui encerro esta breve crônica. As imagens falam por si.


J Estanislau Filho 

Imagens: Jefil