sexta-feira, 29 de julho de 2022

Das Minhas Lembranças 34


A travessia da via férrea, que liga o bairro Industrial-Contagem, ao bairro Tirol na região do Barreiro-BH era muito estreita, provocando congestionamento de trânsito, principalmente em horário de pico, além de acidentes,  pois é também uma passagem de pedestres.

     A ACBI e a ACBL (Associação do Comunitária do Bairro Lindéia) nos unimos na luta pelo alargamento dessa travessia, à Rua Fabiano Taylor.  Uma reivindicação, que diga-se de passagem, seria desnecessária. Bastava que técnicos das duas prefeituras acionassem a MRS logística, concessionária da via, para que a obra fosse feita. 

     O companheiro José Ferreira Marques, presidente da ACBL me procurou, para pressionarmos as autoridades públicas e privadas para romper com a burocracia, uma vez que a obra dependia da prefeitura de Contagem e de BH, além da MRS. 

     Depois de idas e vindas aos tais órgãos competentes, as duas associações redigiram um documento e encaminhamos aos responsáveis e a passagem da via férrea foi finalmente executada.


J Estanislau Filho 

terça-feira, 26 de julho de 2022

Das Minhas Lembranças 33

 

Imagem ilustrativa: Google


Acredito que nenhum integrante da ACBI tinha ideia das consequências da mobilização pelas mudanças de itinerário das linhas 1117-A/B e 1112A, de propriedade da empresa Transamazonas.  A nossa proposta de luta era de transferir o final das linhas para outro local, que beneficiasse o maior número de usuários, com os ônibus circulando por mais ruas do bairro.

     Na primeira audiência no DER-MG, órgão que gerenciava o transporte de passageiros da região metropolitana de Belo Horizonte, percebi que não seria fácil, como imaginava.  Também nos reunimos com os representantes da concessionária, para sondarmos se haveria resistência.  Falaram de custos, aumento da quilometragem, mas que cumpririam a determinação do órgão gerenciador. Aproveitamos o momento, para reivindicar um ônibus "especial", que conduzisse parentes e amigos de moradores do bairro a enterros.  Fomos prontamente atendidos,  mediante um pedido por carta, com o carimbo da associação, assinada pelo presidente.  Quando Seu Antenor (quem, do bairro, não se lembra desse evento trágico?),  assassinou a família, pedimos e fomos e atendidos com dois ônibus. 

     Voltando à mudança de itinerário, não podíamos levar a luta, sem antes consultar a população.  Imprimimos um boletim específico e distribuímos no final das linhas, em horário de pico, convocando os usuários, para uma assembleia geral em nossa sede.  Foi um momento de muita participação, que provocou um impasse: mobilizados por uma senhora, cujo nome me foge, ela não concordava com a mudança.  Por outro lado, os favoráveis às mudanças, também se manifestaram.  Foi então que propus a cada grupo, fazer um abaixo-assinado, quem trouxesse o maior número de assinaturas, seria vencedor.  Era uma forma de ganhar tempo e manter a mobilização.  Estabelecemos um tempo e marcamos nova assembleia. 

     E chegou o dia D.  Os favoráveis a manutenção trouxeram o abaixo-assinado com cerca de mil e duzentas assinaturas. Os favoráveis às mudanças, com cerca de oitocentos nomes.  Fizemos a contagem e a líder da manutenção comemorou o resultado.  Não haveria mudança de itinerário. A sede, lotada, fora tomada de alegria de um lado, de tristeza do outro, mas enfim, a vontade da maioria precisava ser acatada. Foi então que apresentei uma proposta alternativa.  Disse que seria injusto com uma parcela significativa de moradores.  Porque três linhas saindo do mesmo local? Sugeri, com a anuência dos demais companheiros da diretoria, que uma dessas linhas fosse transferida para o outro ponto.  Todos concordamos e o ambiente foi de confraternização. 

     Na semana seguinte, acompanhado pelo representante do DER, percorremos e assinalamos os pontos do novo itinerário da linha 1117-B.





 


J Estanislau Filho

domingo, 24 de julho de 2022

Das Minhas Lembranças 32

 

Imagem: Google

À noite, quando me deito, muitas vezes perco o sono,  por conta do que pretendo escrever.  É quando as ideias surgem.  Tenho sempre um papel e uma caneta ao lado.  Anoto o eixo da narrativa, para desenvolver depois. Acontece também de me levantar e escrever tudo que povoa o meu pensamento. Numa destas noites me pus a pensar nos dois nomes que deixei de citar no capítulo anterior.  Rolava de um lado ao outro, tentei esquecer e cochilei.  Como num sonho os nomes de Elizabete e Jader surgiram.  O Jader, continuo inseguro sobre o nome.  A Elizabete, não.  Tivemos de nos esforçar, para trazê-la para chapa vitoriosa.  Após muitas conversas, ela aceitou, mas sob a condição de ocupar um cargo, que não exigisse muito. Ela ficara viúva recente e se encontrava fragilizada. O Jader é filho de Dona Madalena, poeta analfabeta, que frequentava as reuniões e assembleias da ACBI. Jader, juntamente com a Dona Geralda e Dona Terezinha, eram os responsáveis pelo funcionamento do forró da associação nas noites de sábados.  Pela venda de ingressos e colocar as músicas, extraídas de vinis. 
     Dona Madalena merece uma atenção especial. Como não sabia escrever, ela declamava os versos e os decorava.  O gravador era a sua memória. Tive a lucidez de escrever um poema dela e publicar no Informativo ACBI. Enquanto ela declamava eu ia passando para o papel.  Ela teve de repetir a declamação várias vezes.  Se bem me lembro, pois não tenho mais os registros do informativo, eram do tipo cordel.  Acho que é para isso que serve um boletim popular: divulgar o trabalho de pessoas como Dona Madalena, esses heróis praticamente invisíveis.  No Informativo ACBI tinha também uma coluna Opinião, para que as lideranças local pudessem se manifestar.

Imagem: acervo de jefil

     No próximo capitulo vou contar como foi a nossa luta vitoriosa pelas melhorias do transporte coletivo. As assembleias foram de muita participação popular, com momentos de tensão.


J Estanislau Filho 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Das Minhas Lembranças 31

Imagem: ACBI

O movimento popular é diverso. Nas lutas por melhorias nos bairros, por exemplo, a gente lutava pelas melhorias nos transportes coletivo, na saúde, educação,  coleta de lixo, saneamento básico, no lazer, por segurança, entre outros.  E a diversidade do movimento popular tem também a defesa da causa animal, o meio ambiente saudável, a luta antirracista, por moradias, a defesa das minorias. E por aí vai. Como juntar todos esses movimentos e organizá-los?  A quem recorrer, para não ficarmos reféns de políticos oportunistas ou de empresários manipuladores?  Quando fui presidente da Associação Comunitária do Bairro Industrial, em Contagem, lá pelos idos de 1998/99, tinha consciência que a mobilização popular seria o nosso suporte.   

     A ACBI, quando a presidi, tinha uma experiência de quase duas décadas. Sua criação foi estimulada pelo Padre Carlos Pinto. A nossa pequena sede própria funcionava e ainda funciona,  onde fora a primeira igreja católica do bairro e foi doada pela Paróquia São José Operário. Em 1998/99, encabecei a chapa vitoriosa, com: Adilson Dutra, Aparecida Novelo, Ciro Araújo, Dona Geralda, Dona Iris Moreira Rodrigues, Dona Terezinha, Geraldo Bernardes, Marlene Vilaça, Neuza, Rubens Pinheiro, José João e mais um, cujo nome me foge da memória. 

     No próximo capítulo vou contar sobre algumas bandeiras de luta, que travamos: a melhoria no transporte coletivo; o aniversário de vinte anos da associação, com celebração ecumênica e rua de lazer; o forró, cujo objetivo era o de proporcionar lazer e arrecadar uma grana, para a manutenção da sede; a criação do Informativo ACBI; o programa de rádio na rádio comunitária,  a parceria com AA Mãos amigas e com a Associação dos moradores do Bairro Lindeia, na luta pelo alargamento da passagem da via férrea, entre a região do  Bairro Industrial e  Bairro Tirol, na região do Barreiro. 


J Estanislau Filho