terça-feira, 31 de outubro de 2017

Luz de vela






Uma luz de vela lumia seus olhos.
Há no seu olhar um cintilar que confunde emoções
e a terra gira ao redor do sol
como se o sol fosse uma imensa vela
sob o céu que nos protege uma criança brinca
de ajudar formiga carregar sua carga de folhas.
A luz do mundo brilha e um transeunte
cumprimenta o vendedor de algodão doce.
Ele passa a mão na cabeça da criança
e de seus dedos saem chamas como se fossem velas acesas.
A formiga vence obstáculos sem a ajuda da criança
e lança olhos de gratidão
e já não há mais crianças abandonadas
na ilusão do poeta.


J Estanislau Filho







Imagem 1: Google

Imagem 2- velas: joaocarlosdeoxala

sábado, 28 de outubro de 2017

O outro mundo de Lula





Quando a gente lembra da badalação que a elite brasileira fazia a Lula, no tempo das vacas gordas – para eles, obesíssimas – bem poderia vir à mente a ciranda infantil: O anel que tu me destes/Era vidro e se quebrou/O amor que tu me tinhas/Era pouco e se acabou.
Salvo raras exceções, a nata da imprensa brasileira – alguns deles, quando jovens, encantados com o “operário na política” – trata Lula com um desprezo e nojo que, no fundo, têm ao tempo em que eram, ou pensavam que eram, mosqueteiros da “esquerda”.
Mas quando a gente olha a coleção de pinturas – desculpem, não são fotografias – feitas pelo Ricardo Stuckert durante a peregrinação que Lula faz pelas lonjuras do Brasil, vê-se que existe um amor que não é pouco e sobreviveu à mais intensa e canalha campanha de propaganda que já se desenvolveu no Brasil contra um líder político desde a que se fez contra Vargas. Mesmo contra Brizola, tenho de reconhecer, os limites foram superados e olhe que não é fácil fazer contra alguém o que a Globo fez contra ele.
Só não é, aliás, maior do que aquela que se fez contra Getúlio porque a este se acusou de ser mandante de um assassinato, o de Rubens Vaz.
A mim, a emoção que transborda no rosto das pessoas impressiona mais que a visão dos montes de gente que se atrai a vê-lo, debaixo de  sol, neste Brasil que não é brilhante e azul como o mundo das elites, mas encardido das poeiras da terra castigada que somos.
Fico com pena de quem tem de escrever o pouco que sai desta marcha na imprensa e nas redes sociais. Como descrever com palavras o que está na imagens do “Stuquinha”? Como provocar um entendimento  igual com um ” a lavradora Maria de Souza, 72 anos, se emocionou quando Lula…” diante da visão do rosto esculpido pelo tempo, pelo sol e pela pobreza?
Os intelectuais de pretensão grande e coração pequeno chamam logo de “populista” o que veem. O povo brasileiro, para eles, é uma terceira pessoa, alguém distante do que ele próprio é que, no máximo, precisa ser “ajudado”, quando muito.
O que vejo ali, creiam-me, é um Lula que só não está plenamente feliz porque tem um medo, que não é de Moro.
É do tempo.
De  novo peço a bondade, senão a de me acreditarem, a de ouvirem quem acompanhou um personagem da história das lutas sociais do povo brasileiro: não é retórica quando Lula diz que gostaria de não ser candidato, mas tem o dever de sê-lo.
Essa é a força que anima a sua candidatura.
Ela não vem de dentro para fora, mas de fora para dentro do mundo político.
Geraldo Alckmin definiu “Preparado para o Brasil” como slogan de sua campanha.
Quase igual e completamente diferente do que é Lula, que é muito maior do que suas qualidades e defeitos pessoais, como todos temos.
Lula é preparado pelo Brasil, o fruto inevitável de um povo.

Fonte>http://www.tijolaco.com.br/blog/o-outro-mundo-de-lula/

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

magnólia







ao vê-la pela primeira vez foi uma síndrome
eu não sabia o seu nome
juro meu amor
que me senti menor
bem mais velho
carta fora do baralho
mas uma flor não desdenha
nem se acanha
e se fez atrevida
deu-me boas-vindas
espargiu perfume no ar
bela e sedutora magnólia
quando me olha
leva-me aos píncaros
sou pássaro
num voo de Ícaro
filho de Dédalo
feliz de ser seu vassalo.







Da série pra não dizer que não falei das flores

Imagem da flor: google
Imagem do autor: RR