quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Autobiografia



Sou J Estanislau Filho, mineiro de São João do Oriente, autor de nove livros, de crônicas, contos, novelas e poesias. Um escritor marginal, auto-didata e leitor compulsivo. Assim que aprendi a ler, minhas primeiras leituras foram: foto-novelas, quadrinhos e livros faroestes. Por meio dos clubes de leituras nas escolas  públicas tive contato com a poesia de Castro Alves, Cecília Meireles, Fagundes Varela, Raimundo Correa, Olavo Bilac, entre outros.  Aos 13 anos de idade, li Guerra e Paz de Tolstoi, em seguida quase toda obra de Shakespeare, José Alencar, Machado  Assis e iniciei estudos filosóficos, com a leitura de alguns pré-socráticos. Em seguida li O Ateneu de Raul Pompéia; O Bom Crioulo de Adolfo Caminha; livros de psicologia, resenhas literárias. Em Engenheiro Caldas, em 1968 completei o ensino fundamental, para, em seguida, em regime de internato completar o antigo ginasial, no  Ginásio Agrícola de Itapina - Colatina-ES. Com a chegada do homem à lua, minha redação sobre o tema, foi elogiada e lida pelo meu professor de Língua Portuguesa. Neste período rabiscara meus primeiros versos em um diário. Terminado o curso ginasial, impossibilitado de seguir os estudos, mudei-me para a capital mineira, em busca de trabalho.  Continuava lendo de tudo: de literatura a filosofia, passando por psicologia. Ernest Hemingway, Jean-Paul Sartre, R. D. Line, Mayacovisky, Bertold Brecht, Lygia Fagundes Telles, Karl Marx,  Dostoiévisky, Kafka, José J Veiga, Murilo Rubião, Virginia Wolf, Verlaine, Fernando Arrabal, Jean Genet; Willian Faulkner; Gabriel Garcia Marquez; Dalton Revisan, Fausto Wolf... Por meio dos cine-clubes, em especial o Cine Clube da Face, conhecera e lera O Pasquim, Opinião, Movimento, enfim a chamada imprensa alternativa ou, nanica. Até que em 1984 lancei meu primeiro livro de poemas, semi-artesanal, Nas Águas do Arrudas em que se percebe o choque cultural, entre o urbano e rural. Também em 1984, participei da antologia: Poetas Gerais das Minas, com prefácio de Dom Pedro Casaldáliga e um estudo de Frei Beto sobre os quatro séculos da poesia mineira. Em 1987 e 1991 lancei: Três Estações e O Comedor de Livros. Em 2006 publiquei - Edição do Autor - meu primeiro livro de crônicas: Crônicas do Cotidiano Popular.  Em 2009 um duplo lançamento: Filhos da Terra (contos, crônicas, uma novela, alguns textos com fecho poético) e Todos os Dias são Úteis - poesias. Em 2011 sai o Palavras de Amor (Biblioteca 24 horas); em 2012 Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros (Editora Protexto). Em novembro de 2015 lancei A Moça do Violoncelo (contos e crônicas) - Estrelas (poemas), no formato de duas capas.  No prelo um romance: A Construção da Estrada de Ferro, iniciado em 1979 e concluído em 2014. Não tenho uma escola literária, no sentido acadêmico. Aprendi, com Górky, na universidade da vida. Peguei gosto pela crônica, lendo Rubem Braga. 
Dois livros de minha autoria ainda podem ser adquiridos: Palavras de Amor (Poesias), pelo site da editora: www.biblioteca24horas.com o www.livrariacultura.com.br - Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros, pelo site da Editora Protexto: www.protexto.com.br 


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O fogo dos teus beijos!


Efigênia Coutinho


Tenho, os olhos úmidos,inquietos 
os seios nus, - que volúpia divina! 
Com ar de menina, 
louca de amor, minh’alma voa. 
Levo-te a tentação do amor ardente 
que em meu ser povoa. 
Teu corpo ao meu se avizinha ,
e te enlaço como uma serpente...
Tua boca, com beijos prende a minha, 
São palpitantes beijos, 
que me embalam de desejos. 
Beija mais, que o teu beijo me ateia Fogo! 
aperta mais meu corpo mais e mais... 
O teu calor me satisfaz 
e eu me prendo nestes laços de prisão! 
Aperta os braços mais, na volta sensual, 
abrange todo o meu ser em sofreguidão. 
Busca o nectar saboroso, 
Ávidos lábios sorvem o vinho na concha
Do corpo amado a chorar de gozo!

Balneário Camboriú

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

À Espera dos Bárbaros



(Konstantinos Kaváfis)

O que esperamos na ágora reunidos?

É que os bárbaros chegam hoje.

Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?

É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.

Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?

É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.

Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.

Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

(Trecho de “À Espera dos Bárbaros”, de Konstantinos Kaváfis. Tradução de José Paulo Paes)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

OLHAR



Pelos olhos se conhece o coração das pessoas. Expressões como "fuzilou-me com os olhos"; "olhar bondoso"; "olhar assustado", etc., traduzem  sentimentos e emoções. O olhar assustado do filho diante do olhar severo do pai.
     Os olhos brilham diante de uma obra de arte. Arregalamos os olhos sobre um prato saboroso e, se estamos a fim de alguém, estabelecemos contato através do flerte: olhar de desejo, olhar apaixonado.
     Os olhos fotografam belezas e horrores. Alguns dizem que as plantas secam com um mal olhado e o que os olhos não vêem, o coração não sente.
     Lançando um olhar sobre o Brasil, enxergamos paisagens belas: rios, matas, pássaros, cidades com ruas limpas, praças e jardins bem cuidados, casas bonitas, crianças entrando e saindo das escolas em algazarras. São belezas.
     Porém, há o outro lado, que fere os olhos e dói o coração: ruas e estradas esburacadas, erosões, becos e corações sombrios, crianças abandonadas, gente catando comida no lixo, olhos no chão, tristes olhos no chão, a natureza sendo violada, poluição, incêndio nas matas.
     Olhar nossa casa, nossa rua, nossa cidade, o País, o mundo, o Universo: o céu está estrelado, a lua brilha!
     Olhar tudo, sem preconceito, pois o que os olhos vêem, o coração sente e quando o coração sente... bem, aí é outra história.

J Estanislau Filho - do livro Crônicas do Cotidiano Popular - Edição 2006 - esgotada

Foto: Sebastião Salgado.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Carta em que a autora de Jane Eyre recusou proposta de casamento



“Meu caro senhor,

Antes de responder sua carta, eu poderia ter passado um longo tempo considerando seu conteúdo; mas como decidi, desde o momento em que a recebi e a li, o caminho pelo qual enveredaria, tal atraso pareceu-me completamente desnecessário.

Você sabe que tenho muitas razões para sentir gratidão por sua família, amar ao menos uma entre as suas irmãs e estimá-lo muito fortemente. Não acuse-me, portanto, de más intenções quando eu disser que a minha resposta para a sua proposta deve ser um determinado não. Minha decisão, que foi baseada nos ditames da consciência e não da inclinação, não foi fundamentada em um desprezo em particular pela ideia de unir-me a você – mas estou certa de que a minha disposição natural não foi calculada para fazer um homem como você feliz.

Tenho o hábito de analisar o caráter daqueles a quem sou apresentada, e acho que o conheço bem o suficiente para imaginar o tipo de mulher que se adequaria à você. Seu caráter não deveria ser acentuado, ardente e original – ela deveria possuir um temperamento manso, uma religiosidade incontestável, um espírito equilibrado e bem disposto e beleza o suficiente para agradar aos seus olhos e gratificar seu orgulho.
Quanto a mim, eu não sou tão séria, solene e serena quanto você pensa – você me consideraria demasiadamente romântica – “excêntrica”, você diria; e pensaria que sou satírica e inflexível. O fato é que eu não pretendo fazê-lo de tolo, e jamais o enganaria a fim de me casar e escapar do estigma de ser uma solteirona, porque desse modo comprometeria o futuro de um bom homem a quem não posso fazer feliz.

Adeus! De sua amiga,

C. Brontë”

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Das belezas da vida





Eu tive um tio que, já bem velhinho, nos anos 50, adorava contar seus sonhos para a cidade toda. Sempre tinha sonhos premonitórios e outros de beleza rara. Já naqueles tempos sonhava colorido. Meu tio nunca foi ao cinema nem nunca saiu de Pompéu, mas criava verdadeiras obras de arte em seus maravilhosos sonhos. E como era bom contador de causos transmitia a beleza onírica em detalhes para os ouvintes. Imagino de onde ele tirava tantos sonhos. Muita imaginação.
Eu que viajei bastante conheço lugares belos e fascinantes, tenho sonhado sonhos especiais para retransmitir-me um pouco das belezas que conheci e muitas mais que invento durante o sono. Tenho vontade de sonhar com o Raso da Catarina, primeira reserva biológica do país, cheia histórias, lendas, fauna e flora. Percorri a reserva um dia inteiro a caminhar com uma cartucheira no ombro sem dar um tiro.
Nesta última noite, sonhei com o Parque das Mangabeiras aqui de Belo Horizonte, em que aparecia uma extensa reserva de muricis do mato, aquele amarelo e grandalhão que cheira à distância. Para quem já teve a felicidade de deliciar aquela frutinha colhida bem ali no pé do arbusto há de saber do que me refiro. Neste sonho de hoje, no diálogo, quase sempre comigo mesmo, eu dizia que todo lugar tem beleza. Eu argumentava que os visitantes e turistas em geral descobrem-na e levam imagens nos olhos e nas máquinas para mostrar por aí afora. E quando acordei me repreendi por não ter incluído em meu sonho o Museu Inhotim. Talvez porque reprove a origem do dinheiro ali investido.
O fato é que há alguns anos aprendi a ver – na vida real - a beleza da nossa capital até mesmo em arvores das ruas como a Quaresmeira de diversos matizes que oferece a beleza maior durante a quaresma como é pertinente.
Há a época da florada dos coloridos Ipês e outras flores tão lindas que permanecem no anonimato, mesmo trazendo a beleza sempre renovada. 
Nossos parques são maravilhosos. É preciso estimular a população a frequentar mais de 50 parques só em Belo Horizonte e cada qual com uma beleza própria. Tive oportunidade de fazer trabalhos nos parques de Venda Nova e sonho com o Parque (projetado) do Bairro Lagoa naquela Região. O Parque Municipal, em que pese os badulaques que nossos alcaides acrescentam em seu meio, ainda tem muita beleza para ver. O Parque das Mangabeiras também me serviu de espaço para lazer com meu filho e está lá agora mais em meus momentos oníricos e lembranças reais.
Acredito que o poder público precisa criar uma política de frequência a tantas belezas. Criar infraestrutura e apoio e divulgação para que a população usufrua e leve visitantes a conhecerem lugares tão bonitos e agradáveis
Nos anos 70, eu trouxe colegas que estudavam comigo em Brasília e amigos de outras cidades para visitar Belo Horizonte e as cidades históricas. Ficaram fascinados. Acabávamos de inaugurar uma das mais belas estações rodoviárias de todo o país. A gruta de Maquiné ainda tinha apoio e era visita obrigatória. Na época, a Feira Hippie fazia o maior sucesso com a essência do artesanato da Capital. Hoje é um centro comercial comum, mas, aqui e ali, ainda achamos objetos diferentes que encantam os compradores.
Os transportes interurbanos ficaram mais rápidos e é possível visitar cidades históricas e, mais recentemente, o Museu de Arte Contemporânea do Inhotim. Imperdíveis.
Falo de Minas Gerais, especialmente de Belo Horizonte e cidades metropolitanas.
Mas, repito o que disse no sonho da última noite: todos os lugares têm atrativos. Basta abrir os olhos para o belo e agradável e deleitar-se com o que a própria natureza, de vez em quando, ajudada pela mão humana, quer nos oferecer.
Como diz na minha querida Pompéu: Tire a bunda da cadeira e vá apreciar as belezas do mundo. Mexa-se. Vamos, hoje mesmo, agendar uma visita ao “caçulinha” Parque da Serra do Curral. Já foi lá?



Sebastião Verly 
Escrito em 13-04-14
Obrigado Verly, por tornar o meu blog mais bonito.

Imagem: Parque Mangabeiras - Belo Horizonte-MG