domingo, 24 de julho de 2022

Das Minhas Lembranças 32

 

Imagem: Google

À noite, quando me deito, muitas vezes perco o sono,  por conta do que pretendo escrever.  É quando as ideias surgem.  Tenho sempre um papel e uma caneta ao lado.  Anoto o eixo da narrativa, para desenvolver depois. Acontece também de me levantar e escrever tudo que povoa o meu pensamento. Numa destas noites me pus a pensar nos dois nomes que deixei de citar no capítulo anterior.  Rolava de um lado ao outro, tentei esquecer e cochilei.  Como num sonho os nomes de Elizabete e Jader surgiram.  O Jader, continuo inseguro sobre o nome.  A Elizabete, não.  Tivemos de nos esforçar, para trazê-la para chapa vitoriosa.  Após muitas conversas, ela aceitou, mas sob a condição de ocupar um cargo, que não exigisse muito. Ela ficara viúva recente e se encontrava fragilizada. O Jader é filho de Dona Madalena, poeta analfabeta, que frequentava as reuniões e assembleias da ACBI. Jader, juntamente com a Dona Geralda e Dona Terezinha, eram os responsáveis pelo funcionamento do forró da associação nas noites de sábados.  Pela venda de ingressos e colocar as músicas, extraídas de vinis. 
     Dona Madalena merece uma atenção especial. Como não sabia escrever, ela declamava os versos e os decorava.  O gravador era a sua memória. Tive a lucidez de escrever um poema dela e publicar no Informativo ACBI. Enquanto ela declamava eu ia passando para o papel.  Ela teve de repetir a declamação várias vezes.  Se bem me lembro, pois não tenho mais os registros do informativo, eram do tipo cordel.  Acho que é para isso que serve um boletim popular: divulgar o trabalho de pessoas como Dona Madalena, esses heróis praticamente invisíveis.  No Informativo ACBI tinha também uma coluna Opinião, para que as lideranças local pudessem se manifestar.

Imagem: acervo de jefil

     No próximo capitulo vou contar como foi a nossa luta vitoriosa pelas melhorias do transporte coletivo. As assembleias foram de muita participação popular, com momentos de tensão.


J Estanislau Filho 

12 comentários:

  1. Olá meu amigo. Desde já parabenizo a vc pelo belo texto. Um abraço! Fica bem.

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  2. Muito bom, obrigado por passar para nós um pouco da história dessa grande associação.

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  3. Uma bela trajetória de luta em defesa das causas populares. Antonia Castro

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  4. Luiza De Marillac Michel Um belíssimo texto trazendo experiências inesquecíveis. Parabéns Stan. Um abraço

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  5. Eu sempre dei muito valor no passado e tive a felicidade de encontrar no livro "Em busca de sentido" do neuropsiquiatra austríaco Viktor Emil Frankl um pensamento que solidificou ainda mais minha impressão sobre ele.
    Ele escreveu: "Aquilo que realizamos na riqueza da nossa vida passada, na abundância de suas experiências, essa riqueza interior nada nem ninguém nos podem tirar. Mas não só o que vivenciamos; também aquilo que fizemos, aquilo que de grandioso pensamos, e o que padecemos, tudo isso salvamos para a realidade de uma vez por todas. Estas experiências podem pertencer ao passado, justamente no passado ficam asseguradas para toda a eternidade! Pois o passado também é uma dimensão do ser, quem sabe, a mais segura.".
    Acredito que o fato de você estar no capítulo 32 de suas lembranças seja mais uma prova da força que o passado exerce sobre nós.

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    1. Obrigado, David. Pela visita e comentário aqui e no e-mail. Volte sempre

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  6. Parabéns pelo belíssimo texto.

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  7. Você conquistando e deixando um grande legado. Aplausos mil

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