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À noite, quando me deito, muitas vezes perco o sono, por conta do que pretendo escrever. É quando as ideias surgem. Tenho sempre um papel e uma caneta ao lado. Anoto o eixo da narrativa, para desenvolver depois. Acontece também de me levantar e escrever tudo que povoa o meu pensamento. Numa destas noites me pus a pensar nos dois nomes que deixei de citar no capítulo anterior. Rolava de um lado ao outro, tentei esquecer e cochilei. Como num sonho os nomes de Elizabete e Jader surgiram. O Jader, continuo inseguro sobre o nome. A Elizabete, não. Tivemos de nos esforçar, para trazê-la para chapa vitoriosa. Após muitas conversas, ela aceitou, mas sob a condição de ocupar um cargo, que não exigisse muito. Ela ficara viúva recente e se encontrava fragilizada. O Jader é filho de Dona Madalena, poeta analfabeta, que frequentava as reuniões e assembleias da ACBI. Jader, juntamente com a Dona Geralda e Dona Terezinha, eram os responsáveis pelo funcionamento do forró da associação nas noites de sábados. Pela venda de ingressos e colocar as músicas, extraídas de vinis.
Dona Madalena merece uma atenção especial. Como não sabia escrever, ela declamava os versos e os decorava. O gravador era a sua memória. Tive a lucidez de escrever um poema dela e publicar no Informativo ACBI. Enquanto ela declamava eu ia passando para o papel. Ela teve de repetir a declamação várias vezes. Se bem me lembro, pois não tenho mais os registros do informativo, eram do tipo cordel. Acho que é para isso que serve um boletim popular: divulgar o trabalho de pessoas como Dona Madalena, esses heróis praticamente invisíveis. No Informativo ACBI tinha também uma coluna Opinião, para que as lideranças local pudessem se manifestar.
No próximo capitulo vou contar como foi a nossa luta vitoriosa pelas melhorias do transporte coletivo. As assembleias foram de muita participação popular, com momentos de tensão.
J Estanislau Filho
Olá meu amigo. Desde já parabenizo a vc pelo belo texto. Um abraço! Fica bem.
ResponderExcluirGratidão
ExcluirMuito bom, obrigado por passar para nós um pouco da história dessa grande associação.
ResponderExcluirUma bela trajetória de luta em defesa das causas populares. Antonia Castro
ResponderExcluirObrigado, querida. Bjs
ExcluirLuiza De Marillac Michel Um belíssimo texto trazendo experiências inesquecíveis. Parabéns Stan. Um abraço
ResponderExcluirObrigado, Luíza
ExcluirEu sempre dei muito valor no passado e tive a felicidade de encontrar no livro "Em busca de sentido" do neuropsiquiatra austríaco Viktor Emil Frankl um pensamento que solidificou ainda mais minha impressão sobre ele.
ResponderExcluirEle escreveu: "Aquilo que realizamos na riqueza da nossa vida passada, na abundância de suas experiências, essa riqueza interior nada nem ninguém nos podem tirar. Mas não só o que vivenciamos; também aquilo que fizemos, aquilo que de grandioso pensamos, e o que padecemos, tudo isso salvamos para a realidade de uma vez por todas. Estas experiências podem pertencer ao passado, justamente no passado ficam asseguradas para toda a eternidade! Pois o passado também é uma dimensão do ser, quem sabe, a mais segura.".
Acredito que o fato de você estar no capítulo 32 de suas lembranças seja mais uma prova da força que o passado exerce sobre nós.
Obrigado, David. Pela visita e comentário aqui e no e-mail. Volte sempre
ExcluirParabéns pelo belíssimo texto.
ResponderExcluirVocê conquistando e deixando um grande legado. Aplausos mil
ResponderExcluirObrigado, Norma. Sempre bem-vinda!
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