terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Os sete pecados capitais

 

Imagem: Google


AVAREZA


ÁLVARO  tinha como alvo esconder o patrimônio. Desconfiado, pensava que quem se aproximava dele, era por interesse de lapidar sua economia. Andava pelas ruas da pequena cidade em que morava, com sua chinela de dedos, roto e sempre desacompanhado. Não tinha amigos.  Amizade apenas com o dinheiro. Ao contrário da maioria das pessoas, não era consumista. Não viajava, não frequentava restaurantes, nem mesmo a sua casa era minimamente confortável. Guardava a sete chaves uma montanha de dinheiro, parte dele num colchão recheado de notas. Seu Paulo, o único conterrâneo, que teve acesso à casa de Álvaro, espalhou entre os moradores, que viu um baú descomunal, trancado por um enorme cadeado, onde guardava seu precioso tesouro. 


IRA


ARI, o irado. Assim o nomeou seu amigo Santos. Ari é a fúria em pessoa. Nele mora apenas sentimentos de rancor e ódio. Nada presta. Viver não vale a pena, morrer também não.  Ninguém compreende como o pacato Santos o tem em consideração.  Santos deve ter vocação pra santo, para interagir com esse pulha, afirma o beato Horácio, seu parceiro de dominó. 


SOBERBA


ARMANDO  sempre armava uma "casinha" contra alguém, que na sua visão, pudesse superá-lo. Estava sempre de nariz empinado, peito estufado. Humilhar outras pessoas era o seu esporte favorito. Armando se considerava melhor em tudo, o suprassumo. Do jogo de cartas ao futebol; das análises de conjuntura às previsões climáticas; da colheita de frutas à culinária; no modo de vestir à contemplação da beleza. Desmontava qualquer argumento contrário. Armando era, além disso, um negacionista.  Discordava até mesmo de alguém que concordasse com suas ideias.  Dava uma sonora e corrosiva gargalhada ao suposto adversário. 


INVEJA


IRMA é irmã da inveja. Andam lado a lado. Está sempre atenta à vida das pessoas. Cresce o olho no patrimônio alheio. Se a vizinha compra uma televisão nova, além de querer saber porquê,  vai ao Magazine Luíza e compra outra melhor. Inveja o sapato de uma, implica com o cabelo de outra. Gosta de ir à casa das pessoas e botar olho gordo nos jardins. Quando Jurema, sua parceira de fofocas viajou para Punta Cana, Irma entrou em depressão. 


LUXÚRIA


SADE,  tinha sede de sexo. Mas não era sádico, nem masoquista. O prazer vinha sempre em primeiro plano. Movido pelo desejo, não media esforços nas conquistas. A sedução brotava de seus poros, criando uma atmosfera de lascívia irresistível. Sade não se prendia a nenhuma moral conservadora, que interdita o erotismo. Sexo jamais fora sinônimo de pecado.  Tinha o corpo e o desejo livres. 


PREGUIÇA


PERPÉTUA, permanece atenta ao que considera seu direito à preguiça. Defende com argumentos sólidos, que a preguiça é um direito sagrado. Esparramada na poltrona, não se incomoda com a pia cheia de louça. Quem na verdade condena o ócio, não passa de um escravocrata, diz convicta. A mente de Perpétua perpetua o pensamento de Paul Lafargue, que disse a mais de cento e cinquenta anos, que todos temos direito à preguiça, para o descanso, o lazer e a criatividade.



GULA


GULLIVER, vive uma ambivalência com a gula. Gosta de se empanturrar de tudo, mas se enche de culpa, por admitir que a gula é um pecado.  Cumpriu a promessa de subir de joelhos as escadas da Penha.  Foi a Aparecida do Norte, pedir a Nossa Senhora, que aplacasse sua gula. Santas e santos não atenderam suas súplicas. A gula e a culpa aumentaram, para o mal de seus pecados. Sua última tentativa foi se fartar num enorme banquete. O método, segundo uma cartaomante, era infalível.  Após a comilança, foi conduzido ao hospital onde fez uma cirurgia bariátrica. Finalmente Gulliver controlou o apetite, mas a ambivalência continua. Não sabe se foi a ciência ou a crença que o salvou da gula. 



J Estanislau Filho

domingo, 26 de janeiro de 2025

Aos mecenas da cultura popular

 Olá, tudo bem?

Eu em Brasília

Eu com meu filho Fernando


Nesse ano de 2025 pretendo lançar o meu livro de memórias, Baú de Lembranças, em que narro a minha trajetória - ao lado de muitas outras pessoas - de luta pela volta da Democracia em nosso país. Esta caminhada de luta se inicia no ano de 1976 até 2015. De 1976 até o ano de 2005 me envolvi, além da participação política, na defesa do meio ambiente e no movimento popular, por melhorias da saúde, dos transportes e da habitação popular, pela Central de Movimentos Populares - CMP.  Á  partir de 2005 até 2015, no movimento cultural, com lançamento de vários livros. Não, ainda não me aposentei da luta, mas isso é outra história. 

Para que o meu livro de memórias se torne realidade, preciso do apoio dos MECENAS DA CULTURA POPULAR.


Charge do Berzé para o meu primeiro livro Nas Águas do Arrudas

 

Sua generosa doação pode ser feita por meio da chave do PIX: 14091151604 (CPF) em nome de José Estanislau Filho


Antecipo agradecimentos


José Estanislau Filho



eu com parceiros de luta
Eu na praça, divulgando cultura

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

CONSERVADOR E PROGRESSISTA



Imagem: Google

A questão não é de a pessoa se dizer conservadora. O que importa é o que ela quer conservar. Vale também para a pessoa que se define como progressista. O que importa é o tipo de progresso que ela busca. Conservador e progressista têm várias interpretações. Uma dicotomia que pode confundir corações e mentes. 

     Sou conservador quando quero conservar bons valores, como a democracia; o amor ao próximo e a amizade; ao defender e proteger o meio ambiente; que a minha liberdade de expressão não interdite a do outro, assim como o direito de ir e vir; que respeitem a minha fé e por aí vai...

     Sou progressista por desejar o progresso, não apenas material, mas em todos os ambientes;  por defender a radicalidade democrática; que as políticas públicas de inclusão social sejam aprimoradas; que não exista corrupção em órgãos públicos e privados; que as riquezas produzidas produzidas sejam justamente distribuídas e por aí vai...

     Agora, quando alguém se ajoelha e reza para pneu e ao ficar de pé, pratica maldades; nega que a Terra é redonda; que não há mudanças climáticas; que pobres, negros e gays devem ser exterminados; pede a volta da ditadura, entre outras ignomínias, aí esta pessoa não é conservadora, muito menos progressista. É reacionária, canalha! 


J Estanislau Filho


domingo, 5 de janeiro de 2025

O medo de amar

 

Imagem: Grupo Semear



"O medo de amar é o medo de ser livre"

Beto Guedes


Livre como a ave
que voa e pousa na pausa do descanso.
Caminhar sob a neve,
que cai na espontaneidade
da queda e se derrama
na velocidade natural, sem o aval do algoritmo,
ditado pelo seu próprio ritmo,
na direção da luz,
sem grilhões e tensões.
O medo de amar é o medo de ser feliz. 


J Estanislau Filho