quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Formigas



No começo eram poucas, andando em fileiras pela pia da cozinha. Não dei importância. Elas sempre aparecem de tempos em tempos. É sazonal, pensei.
     No terceiro dia elas aumentaram em tamanho e quantidade. Resolvi seguir o itinerário delas. Entravam em um pequeno orifício na parede e desapareciam. Melhor deixá-las quietas, a natureza sabe o que faz, anuí.
     Ao acordar na manhã seguinte, levei um susto: a cozinha estava tomada por elas. Impossibilitado de preparar o café, pois além da cozinha, sobre o fogão formou-se uma montanha delas. Não tive dúvidas, peguei um frasco de inseticida aerosol e apliquei sobre elas. Depois de mortas, juntei-as em vários sacos plásticos e atirei ao lixo. Apliquei o veneno no orifício, na esperança de matar a rainha, pois, uma vez morta, todo o formigueiro morre junto. O dia passou sereno, apesar de a cada hora aplicar mais veneno no orifício, pois algumas formigas teimavam e sair e vadiar pela pia. 
     Anoiteceu. Enquanto eu dormia elas me atacaram e arrastaram meu corpo, em minúsculos pedaços, para dentro do formigueiro.


J Estanislau Filho


24 comentários:

  1. Excelente como sempre. Parabéns. Tião

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  2. Quem não aguenta com a formiga não atiça o formigueiro.

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  3. Ai que medo !Formiguinhas danadas essas deve ter encontrado assucar.Amei essas formiguinhas rssrsrsr.Maria Luiza..

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  4. Obrigado, amiga e parceira de letras. Volte sempre.

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  5. Nossa!Lembrei do espetacular Conto As Formigas, de Ligia Fagundes Teles.Uiiiii!Beijos

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    1. Grato pela presença e por fazê-la lembrar de nossa acadêmica, esta sim, ótima escritora. Beijos

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