sábado, 2 de abril de 2016

Adão e Marlene






Tudo começou quando fui morar ao lado da casa do Adão e da Marlene. Adão era irascível, Marlene, a mãe da paciência. Não era fácil suportar o Adão, cara de mau, tinha até a fama, injusta, de elemento perigoso. Não fazia sentido, percebi isso rápido. Quem tem uma companheira igual a Marlene tem bom coração.
   Bruno, que não era Bruno e sim, Ricardo, começou a frequentar a casa do novo vizinho, para brincar com Fernando, meu filho. Bruno para Marlene, Ricardo nome preferido por Adão, fora o primeiro filho. Viviane, pequena, dava sinais de garota inteligente. Não aborrecia a mãe e ao pai, não aborrecia ninguém. Criança doce e pacata.
 Bruno e Ricardo são uma só pessoa. O mesmo caráter, a mesma personalidade. Não há ambiguidade. Adão queria que o filho se chamasse Ricardo; Marlene queria Bruno. Valeu a vontade de Adão? Mais ou menos. Registrado como Ricardo, mas Marlene só o chamava de Bruno e com esse nome ficou conhecido no bairro. Depois veio a Ketlen.
  Era uma vez um sujeito com cara de mau... Que se tornou meu amigo. As primeiras conversas foram lacônicas, analisávamos: “devagar com o andor que o santo é de barro”. Adão me convidou para uma partida de futebol. Lá no bairro Tirol a bola rolou e o pau comeu. Adão não gostava de perder. Entrava duro, de sola e de bico. E se perdia o jogo, briga não ia faltar. Adão se divertia de qualquer jeito: na bola, no pontapé e no muque. Mas era uma briga de mentirinha. No final estava de prosa com os adversários. Outras partidas de futebol aconteceram, quase sempre com o mesmo desfecho. Marlene domou a fera. Hoje seu marido foge de briga como o diabo foge da cruz. Adão sempre foi um sujeito honesto e trabalhador. Os filhos e as filhas trilham o mesmo caminho do bem, exemplos de Adão e Marlene, pai e mãe cuidadosos.
  Eu os tenho em alta consideração, apesar de quase não nos vermos, pois moramos relativamente distantes. Ultimamente só nos lançamentos de meus livros e no casamento de Kelly. Sempre com a promessa de uma visita. Que vai acontecer, tenho certeza!


Esta crônica integra o livro Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros - Editora Protexto - 2012 -


* Viviane Keli, está casada com Alex. E tem uma filha, a Maria Thereza.

14 comentários:

  1. Seu talento transforma casos simples em crônicas de valor. Meus parabéns. Verly

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  2. Nossa, Stan***, adorei esta sua crônica, meus parabéns! Luiza De Marillac Bessa Luna Michel

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  3. Isso sim é amizade, que não mede tempo nem distância... E aqui está! Exposto numa linda homenagem a estes dois, que em meio a tantas avenças e desavenças, construíram uma linda família a qual tenho orgulho de fazer parte.
    E hoje, ainda que distante, fico feliz por poder contribuir para que a linda amizade de vocês se mantenha.
    Ao escritor grande abraço de Adão, Marlene (amaram a homenagem) e Cia (como você sempre diz).
    Keli

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    1. Pois é Keli, trata-se de amizade consolidada. Mesmo a distância não consegue nos levar ao esquecimento. Adão, Marlene & Cia estão e estarão sempre presentes em meu coração. Forte e afetuoso abraço.

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  4. Relato ficcional ou real, companheiro? Seja uma ou outra a resposta, você está de parabéns!

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  5. Antigamente existia muito a briga para se colocar o nome, e quantas vezes aparecia até outro na certidão. Sua crônica muito bela e agradável...Aplausos mil

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    1. Obrigado pela leitura e pelo generoso comentário, Norma. Abraço.

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  6. Os grandes amigos acabam fazendo parte da família porque fazem parte da nossa história, um tempo em comum, em que se compartilham todos os momentos, mas, nas fotos que ficam na lembrança, sempre se veem sorrisos e alegria. Bjss no coração, amigo poeta.

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    1. Obrigado pela presença generosa, Lucia. Seja sempre bem-vinda. bjss no coração, amiga e parceira de letras.

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  7. Tem amizades que ficam para sempre!Tudo em suas mãos fica perfeito.Abraço poeta!

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