quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Prisioneiro de Axolotle








Despertei sob o olhar de ouro de axolotle, fixado diretamente aos meus olhos, como se pretendesse vazá-los. Ainda entorpecido, não o percebi de imediato. Esfreguei os olhos com os punhos cerrados e perguntei, o que está fazendo aqui?. Senti, obscuramente, que ele se esforçava para me passar uma mensagem. 
     Inteiramente desperto, vi-o se afastar, com andar desengonçado. Então me lembrei de tê-lo visto no aquário da rua Bahia, com os olhos e bocas colados ao vidro, pedindo-me para libertá-lo daquela prisão.
Talvez tenha vindo para me agradecer. Compreendi a necessidade de sair da minha clausura.


J Estanislau Filho

Vem aí: A Moça do Violoncelo (contos de suspense) - Estrelas Dois livros em um (Poemas). Textos inéditos. 

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