terça-feira, 17 de abril de 2018

Lula, preso político




Lula, preso político

por Guilherme Boulos

A resistência no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entra para a história do país

No sábado 7 o juiz Sergio Moro realizou seu último ato espetacular ao prender o ex-presidente Lula. Foi o dia D da Operação Lava Jato. Consumou-se a farsa judicial, marcada por uma condenação sem provas, um processo repleto de irregularidades e o flagrante desrespeito da maioria do Supremo Tribunal Federal à Constituição, no que tange à prisão sem trânsito em julgado.

O processo do triplex era, de longe, o mais frágil de todos os movidos contra Lula, ao ponto de fazer lembrar O Processo, de Franz Kafka. Mas era o único capaz de inviabilizar sua candidatura, dados os prazos judiciais.

Foi uma condenação sob encomenda, com viés casuístico e eleitoral. Manteve-se a aparência do rito judicial, em alguns momentos nem isso, mas as cartas estavam marcadas. Visivelmente, Moro e os trigêmeos do TRF4 tinham pronto o juízo condenatório antes mesmo de qualquer audiência. A defesa não era escutada, apenas tolerada ritualmente. Lula é, portanto, um preso político.

Por essa razão, os dias de resistência no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo ganharam uma conotação histórica. Um capítulo a mais numa história bem conhecida, um déjà-vu da conjuntura que levou ao suicídio de Getúlio Vargas e à derrubada de Jango.

Uma vez mais o Brasil diante de sua disjuntiva eterna: ante uma mobilização popular de resistência, por Lula, pela democracia e por um horizonte de consolidação de direitos de todos, a faca afiada e arbitrária de Moro, que tudo pode. A faca odiosa da hipocrisia do novo paladino da moral da casa-grande. Daquele que vive em apartamento próprio, e confortável, mas recebe seu auxílio-moradia como “jeitinho” para atualizar um salário exclusivo a menos de 1% dos brasileiros.

Diante de um quadro tão flagrante de afronta à Constituição e aos direitos de Lula a um juízo justo e imparcial, o aspecto mais funesto do ponto de vista jurídico se revelou com o apequenamento do Supremo às permanentes chantagens da Rede Globo e às ameaças por parte de uma corporação militar, historicamente impune no nosso País. A mesma Rede Globo que, recordemos, no primeiro dia da ditadura de 1964, noticiou: “Ressurge a democracia no Brasil”.

No caso dos militares, a situação é ainda mais preocupante. Não por se tratar da enésima bravata anacrônica e corporativista, recorrentes nas últimas décadas, de algum general de pijama. Desta vez, atentando diretamente contra o próprio código disciplinar das Forças Armadas, quem se colocou politicamente foi o próprio comandante do Exército Brasileiro, o general Eduardo Villas Bôas. O que deveria ser tratado como uma questão de Estado, para o golpista Michel Temer e seu ministro da Defesa tratou-se de mera questão de liberdade de expressão.

O efeito mais deletério dessa espiral antidemocrática e fascista seria revelado, porém, no seio da sociedade brasileira, com uma escalada de ódio, sectarismo e intolerância. A intervenção militar no Rio de Janeiro seria sua expressão institucional. Os ataques à Caravana de Lula, a coroação social de acosso e censura experimentados nos últimos meses.

Lembremos das exposições culturais fechadas por razões ideológicas, com manifestos episódios de agressões físicas e intolerância, como aqueles que sucederam recentemente em São Paulo nas palestras da filósofa americana Judith Butler. A maior e mais grave expressão foi o bárbaro assassinato da nossa companheira Marielle Franco, que, apesar de comover o País, passado um mês de sua morte, continuamos sem saber quem disparou os tiros.



A situação obriga a nós, democratas, a uma reflexão profunda. Se não for por disposição política, que seja então por uma questão de sobrevivência: contra o fascismo, contra a barbárie, não se brinca. Ou nos unimos ou morremos. Quantos mais de nós necessitam ser presos? Quantos mais de nós necessitam ser mortos?

Quem diria que 30 anos após a Constituição que selou o fim da ditadura no Brasil, ainda teríamos de continuar a assistir à morte de quem defende o que acredita e outros serem presos por decisão política.

Diante dessa situação, urge uma Frente Democrática e Antifascista. Nesses momentos nos quais a História se acelera, não existe espaço para dúvida. A besta do fascismo pôs suas garras para fora. É nosso dever nos unir para enfrentá-la, nas ruas e nas urnas.

Enfrentá-la por justiça no caso de Marielle Franco, pela liberdade de Lula… E pelo resgate da democracia e pelo respeito à vontade soberana do povo.













Imagens: Google 

6 comentários:

  1. Me desculpe, mas a fraude e o golpe tem nome, e o nome é, Lula. Lula traiu seus seguidores e partidários, aliando-se ao que de pior existe na iniciativa privada e na política. Nada fez a favor dos menos favorecidos, a não ser unificar “benefícios” no programa Bolsa Família, uma esmola, para garantir adesão de pessoas despreparadas e desesperadas, a seu processo de poder. Teve a oportunidade de promover uma virada no modus operandi desta terra, mas nada fez, entregou-se e regalou-se com a corja. Já no mensalão deveria ter sido afastado pelas práticas confessadas ( lambuzou-se, como disse JW ). Mas aquele erro cometido não serviu de lição e continuou a errar e cercar-se de gente cada vez pior, mas o poder inebriou-o e os chamados “donos do capital
    e da política” nadaram de braçada. Agora, posa de vítima, quando na realidade foi artífice e cumplice de todos os malfeitos, inclusive de sua poste, que sequer sequer teve condições de gerir lojinha de 1,99.
    Essa justiça que aí está é a mesma que ele recebeu, talvez até, um pouco pior, graças a nomeações à mais alta corte do país de pessoas despreparadas, para o exercício da justiça, também nada fez para eliminar seus privilégios.
    As instituições sempre foram falhas e esse senhor, por motivos nada nobres, não quis enquadrá-las em novo patamar. Daí agora querer desautorizá-las, não passa de extrema má-fé.
    Apenas para concluir, o MST e suas derivações, são uma vergonha num país de 8 milhões de Km². Se o sr. Luis Inácio da Silva, tivesse vestido a roupa de estadista, teria feito dessa militância, trabalhadores dignos e cidadãos conscientes de sua contribuição ao desenvolvimento do país.
    Sinto muito, votei nesse homem em 2002 e até hoje me arrependo, era uma esperança de novos tempos com novas formas de garantir oportunidades, a todos, indistintamente, fracassou e nada deixou, apenas desilusão.
    Nunca na história deste país, pelo apoio que tinha de grande parte da população, alguém teve as condições de promover mudanças que fariam desta terra um lugar mais decente e menos desigual para se viver e criar filhos. Nada fez, de consistente.
    É um preso comum, uma pena, uma oportunidade perdida.

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    1. Discordo de tudo que disse, mas defenderei até a morte o seu direito de dizer (Voltaire)

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  2. Sei que o amigo estará sempre do.lado de Lula.
    Mas eu tambem, como diretor de um.orgao para estatal do Sistema S, fui tentado em 1977, em receber de um empresario, presente de uma TV DE Plasma, custando 40 mil reais, uma novidadw em Manaus, se homologasse e tornasse o empresario vencedor de uma licitaçao de 3 milhoes de rrsis. Recuswi! Hoje estou aposentado, receno pouco, mas dumo e acordo tranquilo e sem medo do "japonês da PF batendo em minnha portA.
    ESSE TIPO DE CRIME NAO DEIXA RAATROS!

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    1. Eu estou certo de que é perseguição política. Que Lula é um preso político. Uma condenação sem provas. Não apenas eu afirmo, também algumas centenas de advogados e ex-juízes. A história caminha mais rápido hoje.

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