quinta-feira, 16 de março de 2023

Pensamentos Mortais

 


Somos tão jovens


Entre as certezas que temos, uma é de que vamos morrer.  Há quem não acredite em morte. Que a vida aqui é uma passagem para outro plano.  Será?

     João Batista não pensa assim. Afirma, convicto,  de que a morte é o fim. Que mais cedo ou mais tarde ela virá para todo mundo. Para o mundo, inclusive.  E enquanto ela não vem, vamos vivendo o melhor que pudermos.  Não apressemos a chegada da morte.  Ainda somos tão jovens. 


Árvores




Árvores também morrem. E há os assassinos de árvores. Elas deveriam  morrer apenas de velhice,  ou no máximo de causas naturais, assim como todos os seres. 

     Podem virar lenhas depois de mortes naturais, ou virar alimento para cupins. Em seus troncos mortos brotam fungos. 


A sabedoria




A sabedoria é relativa na velhice, diz João Batista. E rara, completa com ar de mestre. Por causa da memória, que na maioria dos velhos, falha!

João  é taxativo. 


A morte das flores





As flores quando envelhecem, perdem o viço e caem, formando um tapete sob os pés das plantas.  As pessoas varrem, como se fossem sujeira.

     Esse fenômeno acontece também com a folhas. 


Fome




Há mortes por fome. Como isso pode acontecer? Toneladas de alimento são descartadas todos os dias, para o controle de preços.  Nos aterros sanitários, gente entre bichos tentam sobreviver.  


Oceanos




Uma reportagem revelou o que deveríamos saber e evitar:  que os oceanos estão cheios de plásticos, ocasionando a morte das espécies marítimas. 

     Vão morrer um dia, de qualquer forma, afirma João Batista.   Calma, João, mortes podem ser adiadas. 


Os rios também morrem




Os rios deveriam ter vida eterna, mas morrem. Inclusive de sede. A punição para os assassinos de rios deveria ser de prisão perpétua.

     Ah, não seja tão radical, antes devem passar por um processo de educação ambiental. Prisão no caso de reincidência. 


A vida é um sopro




Quando se é jovem, muitas e muitos não se preocupam com a velhice.  A vida parece não ter fim. 

     Entretanto, a vida é um sopro!


A morte do eletrodoméstico




Quando menos se espera, ela chega. Sorrateira, sem avisar.

     Já havia acontecido uma vez, com o gás. Acabara repentinamente antes de eu terminar de cozinhar as batatas.  O mesmo aconteceu com o liquidificador. Parou de funcionar antes de terminar de bater a vitamina. 

     Foi morte súbita. 


Um velho atravessava a rua




Com seus passos lentos e visão turva, um velho atravessava a rua. Um jovem motorista colocou o rosto pra fora e gritou:

     - Velho desgraçado, porque não morre logo? E para de atrasar a vida da gente!

     Uma mulher - sempre elas - deu-lhe as mãos e o conduziu para o outro lado da rua. 


Guerras




Numa guerra morre muita gente, mas quem a provocou, geralmente se safa.  Ao menos por um tempo. Pode até não morrer pela guerra em si, mas morrerá de qualquer jeito. 

     Os senhores da guerra também não escapam. A morte é, provavelmente, o acontecimento mais justo. 


A morte das abelhas




 A morte das abelhas  provoca danos  à produção de árvores frutíferas. Isso porque um número reduzido de abelhas resulta em uma menor polinização, o que prejudica o desenvolvimento das plantas.  O risco de extinção, devido ao uso de agrotóxicos, leva ao desequilíbrio dos ecossistemas e perda da biodiversidade. 


Suicídio




"Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida" (Albert Camus).


João Batista sentenciou: - Quem tira a própria vida é um covarde.

Joana contrapôs: - Ao contrário, é um ato de coragem!


Polêmica à parte, há quem espera pela morte com naturalidade.  E até  quem queira viver mais de duzentos anos. Nas agruras  ou no conforto. E você, o que acha? 


J Estanislau Filho




21 comentários:

  1. Amei ler você.Não vejo a morte com tranquilidade, embora tenha certeza de wue s vida terrena é apenas uma caminhada para outra.

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    1. Olá Celina, grato pela presença. Bem-vinda!

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  2. A pior das mortes são as mortes de valores. A vida das coisas, pessoas e bichos perderam o valor. Ver flores, folhas e eletrodomésticos morrendo é natural. Ver pessoas morrendo é doído, triste, muito embora as vezes seja inevitável. Belo texto. Me visite no Recanto. Abraços

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    1. Obrigado, prima, irei á sua página, sim. Gratidão

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  3. Gostei dos textos. Para mim existe ida e volta, pois acredito na imortalidade da alma.

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    1. Sua leitura e o seu comentário me estimulam. Beijos!

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  4. Você é mesmo fantástico! Sua imaginação não para!😍Da sua irmã preferida!

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  5. Reflexões profundas sobre sobre os mistérios da vida e da morte. Vale lembrar que a vida sempre vale a pena 🙌🏼🙏🏼🌻

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    1. Obrigado, Geruza. Sempre bem-vinda!

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  6. Tudo passa, não importa como... A morte é apenas instrumento.

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  7. Luiza De Marillac Michel Acredito na eternidade da vida e de tudo que decorre dela. Um abraço

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  8. Acredito na imortalidade da alma, mas não é a morte que me importa porque, ela vai acontecer de qualquer forma.
    O que me importa é o que eu faço da minha vida enquanto a morte não vem...
    Enquanto isso vou vivendo cada dia que me é dado a viver...
    Feliz vida amigo escritor!

    _ Maria José Gomes

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    1. É preciso saber viver, não é? Meu abraço fraterno

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  9. Gostei muito de seus textos , reflexões sobre a vida e a morte. Parabéns, amigo Poeta/Escritor. ( Luiza Menin Manfredi)

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  10. Não fico muito pensando na morte procuro sempre viver o hoje de um jeito ou de outro ela chega sem avisar aí partimos e seremos esquecidos .Maria Luiza...

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