Em um reino muito distante, havia uma donzela que estava encantada. Seu pai colocou avisos por todos os estabelecimentos, que daria a moça em casamento e uma fortuna para quem conseguisse fazê-la falar, pois ela só dizia "brasa de fogo".
Os irmãos Alan, Mané e Tião estavam num boteco quando ficaram sabendo. Eles voltaram para casa, planejando o que fariam.
Mané disse para Alan:
- Alan, você não deve ir, pois você é muito bobo. E, Além disso, é brincalhão.
- Tião e Mané, fiquem sabendo que se vocês vão, eu também vou.
Foram discutindo até chegar a casa. Arrumaram as trouxas e no dia seguinte saíram bem cedo.
No caminho, Alan gritou:
- Ache!
O que, bobo? - perguntaram os irmãos.
- Um ovinho de tico-tico.
- Joga isso fora, bobo! - Disse Mané.
- Eu não. Posso precisar mais tarde. - E guardou o ovo no bolso.
- Continuaram a viagem, fazendo muitos planos. Outra vez Alan gritou:
- O que, bobo? Perguntaram os irmãos.
- Um pauzinho torto.
- Joga isso fora. - Disse o Tião.
- Eu não. Posso precisar mais tarde. - E guardou no bolso.
- Continuaram a trilha. Alan tropeçou e gritou:
- Achei!
- O que, bobo? - Perguntaram os irmãos.
- Uma bosta de vaca seca.
- Joga isso fora, bobo. - Disseram eles.
- Eu não. Posso precisar mais tarde.
- É, você não tem jeito mesmo.
Alan tirou o chapéu, colocou a bosta debaixo e continuou o caminho. Quando chegaram, havia muitos rapazes esperando. Eduardo, o rei, que era o pai de Estela chamou os rapazes.
Apenas três vezes, ela fala "brasa de fogo" para cada um. Os que não conseguirem vão ser degolados.
Alan ficou esperando bem calmo, seus irmãos foram chamados primeiro. Eles saíram tristes e falaram:
- Alan, volta para casa.
- Não, vocês tentaram e eu vou também.
Ele foi chamado, entrou nos aposentos de Estela.
Não demorou muito e a princesa começou: "Brasa de fogo". Alan ficou quieto, outra vez ela disse: "Brasa de fogo"
Alan, do mesmo jeito quieto, olhado para ela, na terceira vez respondeu:
- Eu trouxe um ovinho de tico-tico ara você assar.
- Ora, tem perigo de queimar.
- Mas eu não sou bobo. Trouxe um pauzinho torto para você virar.
- Ah, vai cagar no mato!
- Está aqui. Tirou a bosta de vaca do chapéu. A moça desencantou e muito alegre conversou e agradeceu.
Marcaram o casamento. Alan mandou buscar os pais, pediu ao rei Eduardo que não degolasse ninguém. Eduardo, comovido, atendeu seu pedido.
Como em todas as festas dos reinos encantados, Vô Tirica estava lá, trazia bolos nas garrafas, vinho e refrigerantes no jacá, ao passar na pinguela de arame ela balançou, balançou e tudo caiu no rio, trazendo apenas a estória.
Segundo a autora, Rosiana Conceição Silva Santos, as Estórias do Vô Tirica "São estórias contadas a meu pai pelo avô, que partiu bem cedo. Ainda bem que meu pai não se esqueceu porque nos dias de hoje, são muitos os pais que não dispõem de tempo para contar casos e estórias. Nós, seus filhos, Keila e as meninas de Celina ficávamos esperando o Vô Tirica chegar do trabalho para ouvi-las. Escrevi algumas dessas estórias", conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário