terça-feira, 26 de maio de 2015

Escolhas




A vida é feita de escolhas. Arre, frase surrada... Porém verdadeira. Só que alguns podem escolher mais e melhor, outros, nem tanto.
     Em uma sociedade, cuja lógica é a do ter sobrepondo o ser, ou ter, para ser, somos conduzidos ao consumismo. É portanto um suporte de sustentação do capitalismo. Trava-se no seio da sociedade uma disputa de posição na pirâmide social. 
     O Natal, por exemplo, é um momento mágico de consumismo. Serve para expor e abafar a luta de classes. É... "O mundo gira, a Lusitana roda!".
    Há quem só pode escolher minimizar sofrimentos. Do corpo e da alma. "Estou vendendo o almoço, para comprar a janta".
   Esta tal alma, entendo-a como essência do ser. O sofrimento dela não distingue posição social, religião, sexo... blá-blá-blá.
     Estou saindo do eixo.
     Quero mesmo é falar do amor. Ele nos escolhe, ou nós o escolhemos?
     Quando aceitamos ser amigo de alguém, está claro que ele nos aceitou também. Por ene motivos: interesses objetivos e subjetivos; afinidades. Estabelece-se um acordo tácito ou factual. O que leva um certo tempo. De duração variada. Pode ser fugaz; pode durar a vida inteira.
      Ou... transformar-se em ódio.
      Que armadilha! O modelo de organização social se fortalece.
    Creio ser unânime a resposta: Em assuntos de amor (em todas as suas vertentes) escolhemos e somos escolhidos.
    Não esquecermos que estamos submetidos à lógica da ideologia burguesa, às suas leis (do mercado, inclusive). Superestruturas. Ah, muitos acreditam que esta concepção é ultrapassada. Será?
     Ultrapassar os limites das leis (que armadilha bem montada pelo sistema) é subverter a ordem. A ordem burguesa. Que está lá, naquela área do cérebro, que se nomeia inconsciente... Coletivo. Ordem e Progresso. Para quem, cara-pálida? Por isso (a mídia empresaria debocha) alguns parlamentares sugerem a inclusão do amor. Ordem, Progresso e Amor. Ruptura com o positivismo. 
     O amor é regulamentado. Cerceado. A ruptura é necessária, para que o amor seja, de fato, uma escolha. Para que esta mudança radical (no sentido de ir às raízes, às causas que engendraram o amor submisso, pilar de sustentação da ideologia dominante) ocorra, muitos nós precisam ser desatados. E depende de todos nós, pois:

                    "Uma andorinha só, não faz verão". 

     Para o bem da nossa casa, esse lugar chamado Terra. Para o bem do corpo e da alma precisamos construir uma sociedade alternativa (ou uma nova hegemonia) em que o amor não seja interditado por agentes internos e externos. Não seja escravo de concupiscências. Sem os grilhões da moral hipócrita.
     Amor que se ama e se deixa amar.
     Que vive e deixa viver em plenitude.
     Que o ter seja igualmente dividido.


J Estanislau Filho
Do livro Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros - páginas 59 e 61
   
   


10 comentários:

  1. Também já abordei em diversas crônicas no blog carloscostajornalismo. que hoje vivemos a sociedade do TER e não do SER, como seria mais lógico.
    Excelente abordagem, parabéns!

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  2. Acredito que o amor nos escolhe, mas muitas vezes, deixamos que ele passe despercebido e fazemos escolhas erradas. Vivemos neste mundo de meu Deus, tão povoado, tão repleto de sonhos e expectativas e nem sempre conseguimos realizá-los. Mas, apesar de todos os percalços que passamos ao longo dos anos, o amor sempre vale a pena, e nossas escolhas certas ou não, sempre nos deixarão algo, que um dia será relembrado! Parabéns poeta, belo e reflexivo texto!

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  3. O amor nos escolhe,mais amor que é amor, permanece principalmente nos momentos difíceis, nada vai esfriar, quando vem do fundo da alma. Muitos se empolgam numa paixão que passa como um fogo que vira cinzas. Há muitas escolhas erradas, eu já fiz, arrepender não, pois tudo tem sua beleza e os momentos bons, que os guardo no coração.Parabéns Estan pela reflexão.Um grande abraço! DEUS ABENÇOE!

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  4. Muito bom seu texto Estanislau

    Publiquei assim, não sei se deu certo. às vezes não entendo essas postagens. Não apareceu...

    "Acho que o "ter" surgiu quando surgiu a moeda, o dinheiro, suprimindo o "ser". Talvez se estivéssemos no "escambo" até hoje, o "ser" não teria se perdido tanto. Mas o mundo "evolui" não é mesmo e conseguir esse equilíbrio entre O TER e o SER não é tarefa fácil numa sociedade cada vez mais competitiva e mais monetária. Parabéns pelo texto." Este comentário, recebi da Iara Abreu, via e-mail, que ora publico

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    1. Colei seu comentário, Iara.Ele não chegou via blog. Isto tem acontecido em vários comentários. Obrigado, volte sempre.

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