segunda-feira, 1 de junho de 2015

Rumores



faca de dois gumes
quando cega
não corta legumes

cuidado minha nega
se o efeito te pega
a cabeça dança
os olhos balançam
: menina

o vaso que se quebra
no limiar da janela
sob o lumiar da vela
incendeia a cortina

na estrada o estrondo
dilacera talebãs
debaixo dos escombros
do edifício incongruente
dormem vilões e inocentes

mundo nas mãos
mudos corações
refletem anseios desconexos
conectando semblantes perplexos

peregrino persegue prossegue
em seu fundamentalismo banal
o neoliberalismo consegue
impor seu fundamentalismo fatal

afagar afegões e afegãs 
com missas massas e mísseis

tênues lágrimas incendiárias
internam-se em fundas fendas
ferindo feras centenárias

trilhando trilhas herméticas
encarquilhados trapos visionários
talham desenhos antagônicos
revelando suas metas fanáticas

agitadas mãos sobre a tela
traçam riscos histéricos

a caneta rompe o papel
outrora tronco outrora vegetal
num cálculo matemático.



Poema do meu livro Todos os Dias são Úteis - pagina 59/60 - primeira edição - esgotado.





15 comentários:

  1. Respostas
    1. Edição esgotada. Topa bancar uma segunda? E o Fernando hem? Bombando. Abraço.

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  2. Excelente trabalho. Criatividade, consciência e observação da História. Mais uma vez um show de poesia engajada. (ainda usa o termo engajada?) Tião do Gonde irmão do Enes

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    1. Usa sim, Sebastião, O engajamento é fundamental, para as transformações sociais. Abraço, obrigado pela generosidade. O Ennes está aqui, arrasado com a saída do Cruzeiro da Libertadores...

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  3. Parabéns poeta, bela poesia. Um abração.

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  4. Gostei. Pensamentos curtos e coerentes.

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  5. BELÍSSIMA POESIA, PRIMOROSOS VERSOS POETICOS. APLAUSOS MIL

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  6. Abraço e parabéns, velho Stan!
    Visite-nos!
    Estamos voltando proBichinho.
    Berzé

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