sábado, 11 de maio de 2024

O TEMPO FECHOU NO RIO GRANDE DO SUL

Por J Estanislau Filho


Imagem: Google


O desmatamento e as queimadas não são  fatos novos, sempre existiram.  Começou com a descoberta do fogo. Tempos atrás pequenas áreas eram abertas para o plantio, construção de cabanas. Em seguida estas áreas foram ampliadas para a construção de casas, as sedes das fazendas e casas para os agregados,  currais e o plantio de capim, para o gado e produção agrícola, entre outras demandas. As ferramentas utilizadas eram foices, machados, gurpiões, serrotes. 

     Depois vieram as motosserras e a tecnologia, que facilita o trabalho é a mesma que aumenta a devastação. Florestas inteiras vieram abaixo numa velocidade feroz. 

     Assim como o machado deu lugar à motosserra, máquinas enormes cortam troncos e os colocam em caminhões, rumo às serrarias. Camas, armários, cadeiras, bancos e até obras de arte são feitas para atender ao mercado consumidor.  No município de Prados, Minas Gerais, troncos são esculpidos e viram  leões, tigres, entre outras espécies de nossa fauna.

     O que isso tem a ver com as enchentes do Rio Grande? 

     A lógica do sistema capitalista-neoliberal é o lucro. O sistema vai engolindo tudo: madeiras, minérios, água,  entre outros recursos naturais. Nós, consumidores, queremos mais e a indústria vende mais. O sistema avança, para obter mais lucro, em constante expansão. A natureza não dá conta e reage. 

     Morros e encostas ficam sem a sua proteção natural. E dão seus lugares às casas, viadutos, estradas, pontes. A mata ciliar, que protege o curso de rios e córregos é agredida. A legislação ambiental é alterada, para a boiada passar.

     Não é apenas no Rio Grande do Sul, que  eventos climáticos produzem estragos. . Quem não se lembra da lama e dos mortos de Brumadinho?  


Imagem: Pragmatismo Político

VALE


A Vale
outrora do Rio Doce
era nossa.
Hoje só vale
promessa nos comerciais.
Vale,
vala comum
de lucros colossais.
Vale,
vela volátil
valha-me Deus,
muitas velas para poucos uns
breu e bruma para muitos alguns.
Vale,
verso versátil...
não vale a pena verso
para vale adverso
valeria se vale fosse
do Rio Doce.
Fosse nossa
não seria vale de lágrimas.
Vale cada vez mais
verde covarde
amarelo sangue_
suga os recursos naturais.

Imagem: Google


     Ecoam em nossos ouvidos o rompimento da barragem de Mariana.  Mal tivemos tempo de nos recuperarmos das enchentes de Petrópolis,  nos deparamos com a tragédia  no Rio Grande do Sul.  Na realidade, não fomos surpreendidos. A natureza vem dando sinais.

     O que fazer? 


Imagem: Google


8 comentários:

  1. Apenas acrescentando que chegamos a 8 bilhões de passageiros na nave e todos os efeitos para o bem e para o mal são antropológicos.

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  2. Parabéns, Estanislau, amigo querido, pela sua reflexiva narrativa dessa desolação que nos emocionam diante desde fato trágico no Roi Grande do SUL! Beijos ternos

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    1. Obrigado 🙏 pela saudável presença, Sandra!

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  3. Presado mano ! Exatamente o que você falou . Não conseguiria uma dissertação tão significativa! Oremos pelo Rio Grande do Sul !

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