terça-feira, 25 de agosto de 2020

A Poesia de Arjofe do Recanto das Letras

Imagem: Recanto das Letras



ENLOU(A)QUECIMENTO


As estações enlouqueceram
Ou enlouquecemos nós
Verões cada vez mais quentes
Nós cada vez mais frios
Invernos de arrepiar peles
Nós arrepiando gêneros
Em números e graus elevados
Primaveras antes floridas
Agora árabes sistêmicas mas
Lembrando Praga
Em que flores murcharam
Nós continuando a murchar
Outonos de equinócios
Nós em redes de ódio
Outonando igualdades
Em nome de Deus
Que parece diabo
Em cruzes de resina
Do deus negro
Que aflora a terra
E joga por terra
A deusa Gaia
E todos morrendo na praia
Envoltos não em mortalhas
Mas em tralhas
Que de nada servem
Na passagem ao Éden
Onde quem sabe
Ainda haja jardim
Ou oásis de humanidade

Arjofe



Imagem: Google - Domínio público


PELE


A pele
Um manto
Santo
Que protege
A carne e o vinho
Que carregas sozinho
Que já foi argila
Que não há como desvesti-la
Que dá beleza a feiume
Que fede e tem perfume
Moldada pelo divino
Não há como mudar esse destino
E assim vamos nós
Com nossos nós
Parecidos com gentes
Vestidos diferentes
Mas únicos em sopro
Frutos de assopro
Ossos e órgãos protegidos
Espíritos ungidos

Arjofe




Imagem: Google



Sobre o autor

Arnaldo Joaquim Ferreira Junior
70 anos
Natural de Santos
Residente em Taubaté

Arnaldo escreve no Recanto das Letras com o pseudômino Arjofe

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