sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Tarde demais




Dizer o que acontece, é impossível, serei
aquela mulher sentada num canto da mesa
de casa, ou de qualquer lugar, tentando
entender o porquê de sentir tanto...
Tudo em mim, é intenso demais, quando sou
alegria, alegria maior no mundo não existe.

O meu mundo fica de cabeça para baixo,
tudo fica sem sentido, quando fico triste.

Pior é quando não sinto alegria ou tristeza,
é quando dá esse vazio tão vazio, tão vazio,
que inquieta, irrita, e me enlouquece.
Acho que foi por conhecer o amor tarde demais.

Hoje à tarde, senti a dor das marés, elas vem
e não voltam, na areia se derramam, tem também
àquelas sem força,
antes se desmancham devagar,
sem chegar, na beira do mar.
Mais parece a minha alma  quando sem vida fica,
o que acontece em quase todo anoitecer...
É como se a vida passasse e nem me enxergasse
e sem sentido, feito o vento, fico vagando
sem um porquê, sem ter o que soprar.

Sou dessas que vaga pelo mundo, numa solidão
que nem tem como explicar, dói demais,
essa dor não vai parar, enquanto eu existir.
Nem um grande amor ou poesia, me preencheria,
sinto uma fadiga de ser sensível, romântica,
queria ser seca, fútil, tola, um ser errante.


Liduina Nascimento




18 comentários:

  1. Bom dia, JEstanislau, a poética de Liduina Nascimento é tão bela que não se ofusca nem mesmo ante a tristeza do contexto. Obrigado, amigo, por nos trazer à luz tão magnânima criatividade.
    Grande e fraterno abraço.

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    1. Bom dia, Antenor e grato pela presença. Está passando da hora de publicar um texto seu aqui. Será uma honra.

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  2. Obrigada, J Estanislau Filho - Por prestigiar-me e incluir minha poesia em seu Blogger, grande abraço, amigo poeta e escritor, das Minas Gerais. Também sou sua fã.

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    1. De nada, amiga e parceira de letras. Seu texto traz à tona a dor da alma, bem delineado.

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  3. Muito bom, obrigada por partilhar. Abraço

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    1. Obrigado, Ema, grande amiga e talentosa poetisa. Que tal publicar um texto de sua autoria aqui?

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  4. Maravilhoso e intenso o sentir, seja na alegria ou na tristeza! abraços, chica

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  5. Que belo poema! Discurso tão sensível!

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  6. O mal da solidão é deixar em nós esse vazio que faz caber tudo demais. Tristeza demais, desesperança demais, tudo transbordando na mais incansável dor que também é demais. Mas penso que mesmo com toda poesia, com todo amor escapulido por entrevos dedos nunca, nunca será tarde demais. Parabéns poetiza. Magnífico.

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  7. Desculpa os erros de português. Meu corretor não perdoa as vezes...kkkkk

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