segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Diálogo com um pássaro


Sinto que a falta de assunto
me assusta tanto,
a falta de criatividade me deixa tonto.
Então eu me sento no banco do jardim
e ouço o pássaro que fala comigo assim:
não seja pessimista, sua criação está estancada
por conta dos crimes ambientais,
com as terríveis queimadas
e a morte dos animais.
Eu respondo:
Por tudo isso meu bom pássaro,
mas também pela morte de índios e seringais,
pelos recursos hídricos e populações ribeirinhas!
Como ser otimista,
quando quem nos governa é gente mesquinha?
No que o pássaro admite:
Verdade, também estou triste,
vendo tanta vilania,
mas minha natureza é cantar
e a sua é fazer poesia...

J Estanislau Filho
 

11 comentários:

  1. Todos nós estamos tristes com TUDO isso e muito mais que vemos...AFFFFF.... abraços, chica

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    1. Valeu, Chica, sempre uma alegria receber sua visita. Abraço.

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  2. Muitas vezes a voz fica presa na garganta. Mas o futuro será por certo ainda negro. Quem viverá saberá. Linda e triste poesia. O passarinho canta triste, e mesmo assim seu canto é lindo, portanto mesmo triste seus versos são belos e de grande apelo. Aplausos mil

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    1. Obrigado pelas palavras generosas e certeiras. Abraço fraterno!

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  3. Caro JEstanislau, O canto do pássaro é triste ante a terra calcinada, mas o cantarolar transcende tal qual a tua magistral poética que brilha mesmo permeando crimes ambientais e o desgoverno que impera em nosso país.
    Meus cumprimentos por mais este texto poético atual e belo. Grande e fraterno abraço.

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    1. Obrigado, amigo e parceiro de letras. Bem-vindo. Esperando sua participação literária aqui.

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  4. Poesia que denuncia. Muito boa, no estilo Castro Alves, Pedro Casaldáliga. Queremos mais. Abraços!

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    1. Que surpresa boa, Waldemar. Bem-vindo, volte sempre. Abraço fraterno.

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