"Quanto aos pobres, vós sempre o tereis, mas a mim nem sempre tereis". (João 12:8)
De tão pobre não tinha onde cair
morto estava desde que nascera
de um útero que jamais pedira
num ambiente que não escolhera
morto estava desde que nascera
de um útero que jamais pedira
num ambiente que não escolhera
Em meio a pobreza nasceu
alimentando nos primeiros meses
de tetas murchas que às vezes
um tênue fio de leite jorrava
Nesse ambiente de escassez
onde a morte é uma constante
brotava nos olhos do infante
sede e fome de uma vida farta
Mordia os seios com avidez
na ânsia de saciar a fome
enquanto a mãe chorava
a dor que a consumia
Aos oito era um adulto
pernas finas e cambotas
fez o seu primeiro furto
na mercearia mais próxima
A mãe preparou a refeição
ovo frito arroz e feijão
comeram e se fartaram
sentados no meio-fio
E no meio-fio tombou
ao som duma bala milícia
"bandido bom é bandido morto"
foi a manchete de triste notícia
J Estanislau Filho
A realidade cotidiana retratada com maestria em teu poema...Parabéns, Stan, excelente dia pra você.
ResponderExcluirObrigado, Marisa, volte mais vezes.
ExcluirMuito triste!
ResponderExcluirDe quem é a culpa?
Da nossa indiferença, ou de um governo negligente? Cleonice Borges
Obrigado, Cleonice, pela gentil presença. Sempre bem-vinda.
ExcluirUm poema narrativo que expõe uma dolorosa realidade!
ResponderExcluirUm abraço da Beatriz
Obrigado, Beatriz. Bem-vinda, sempre!
ExcluirAs vezes fico pensando o que é a "humanidade". Teu poema é uma ferida que nâo se cura, é uma realidade vergonhosa que mostra o quanto somos imperfeitos.
ResponderExcluirÉ isso aí, meu caro amigo e parceiro de letras. Abraço fraterno.
ExcluirEssa realidade nos consome todos os dias.
ResponderExcluirQuando podermos valorizar e sentir a dor do outro seremos um ser melhor.
ResponderExcluirQuerido Poeta!
ResponderExcluirAssim tem sido e piorado cada dia que vai passando nesta nossa
"Pátria Amada Brasil" (?)
Seu poema é a tragédia anunciada no nosso dia-a-dia!
E pensar que os chamados cristãos ,em nome de deus,elegeram um capeta...O seu poema é sempre a dor do humanamente desacreditável!
Luiza De Marillac Michel, poesia que sai das vísceras. Sensacional Stan! Um abraço fraterno.
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