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Deixando a utopia de lado
Abandonando os sonhos
Encarando a realidade dos fatos
O futuro é a morte
Mesmo levando vida plena
Não participando de guerras
E tendo um salário justo
Com muito dinheiro no banco
Dono de muitas terras
Sem um trocado no bolso
E mesmo que você lute
E mesmo que você chore
Isto você não muda
E mesmo que você grite
E mesmo que você cale
Disso você não foge
O futuro é a morte
Nem a crença nos salva
A descrença não serve
Esta é a certeza que fica
Não adianta ser chique
Não adianta ser pobre
Não adianta ser negro
Não adianta ser branco
Não adianta ser feio
Não adianta ser belo
Você pode ser jovem
Você pode ser velho
Pode beber a água da fonte
O futuro é a morte
Pode ser metido a besta
Pode dançar um samba
O seu destino é o mesmo
Pode torcer pra qualquer time
Pode rezar pra qualquer santo
Pode acender mil velas
Você pode se fazer de bobo
Nem mesmo cometer uma falha
E pode mostrar-se forte
E mesmo com sorriso meigo
E mesmo com sorriso fútil
Ou mesmo de boca torta
O futuro é a morte
E se você cometer crimes
Se você fugir da briga
Sua vida está por um fio
Você pode mudar o mundo
Você pode mudar de vida
Pode ainda fazer versos
Você pode proteger a flora
Pode aprisionar a fauna
E pode incendiar as matas
Mesmo não expondo a pele
Ou se escondendo em casa
Ainda que debaixo da cama
O futuro é a morte
Você pode subir os montes
Aos céus elevar uma prece
Você pode tornar-se crente
E mesmo que você peça
Mesmo que você xingue
Ou se desmilingui toda
Você pode ser livre
E ter muita sorte
Nisso você está presa
Mesmo que você tente
Ou que fique sobre o muro
Mesmo que fuja pra Cuba
O futuro é a morte
Você pode tremer de medo
Pode desafiar as crenças
Pode escapar das pragas
Não adianta buscar a cura
Não adianta jogar os dados
Pois isto vale para todos
Você pode jogar limpo
Também pode jogar sujo
Não adianta burlar as normas
E mesmo fazendo rimas
E mesmo escrevendo livros
Disso você não se livra
O futuro é a morte.
J Estanislau Filho
Um lindo poetar sobre a única certeza, a morte, a única que traz e leva consigo igualdade.
ResponderExcluirÉ isso. Abraço fraterno.
ExcluirReal...o homem pode muitas coisas, mas não pode acrescentar um décimo de segundo , que seja, à sua vida. Belíssima reflexão, Stan. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Marisa. Sempre bem-vinda!
ExcluirNesse ínterim entre a vida e a morte o poeta descreveu muitas possibilidades que dependem das nossas escolhas. A morte é inevitável, mas deixa rastros marcantes para a posteridade. Parabéns.
ResponderExcluirValeu, Antonia. Sempre com palavras de estímulo. Beijo
ExcluirGostei ,velho. Ritmo e amplidão. Mto bom. Seu tb velho, Berzé.
ResponderExcluirÉ isso aí, velho.
ExcluirMuito bela poesia. Magistrais versos, o caminho é a finitude, então vamos aproveitar cada dia. Aplausos mil, nobre poeta.
ResponderExcluirSim, dela ninguém escapa. Abraço fraterno!
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