segunda-feira, 5 de julho de 2021

Das Minhas Lembranças 11


     Ao chegar em casa, pouco antes do anoitecer, vindo do trabalho, aguava uns pés de quiabo que plantara recentemente. Morávamos no Bairro Lindéia,  tendo como bons vizinhos à direita, o Seu Zé Pereira e Dona Iolanda; à esquerda, Sebastião Benevides e Dona Maria. Pagávamos aluguel. A divisa de minha morada com a do Tião era separada por uma cerca de arame farpado, pela qual passávamos para as nossas conversas. Seu Tião dedilhava um violão e a gente costumava entoar umas canções sertanejas de raiz. Era o ano de 1979 e eu estava empenhado na construção do núcleo do que viria a ser, em 1980, o Partido dos Trabalhadores. Seu Tião foi fundamental na construção do núcleo, pois participava ativamente da Igreja Católica e fez a ponte com o pároco, Padre Miguel, que cedeu o espaço para as nossas reuniões de organização. Fizemos alguns debates sobre o partido que queríamos com boa participação. Alguns nomes eu me lembro bem: Rui Barbosa; Simeão; Roberto Lélis; João, o Alemão, o seria o Gaúcho?, diácono da paróquia; Seu Tião Benevides; Eliana Belo; Divino; Zito; Joana Darc. A cartilha PT:  Nossa Vez, Nossa Voz, dava o suporte em nossos debates.  Deste núcleo eu, Eliana e Rui fomos escolhidos delegados ao primeiro congresso estadual  do Partido dos Trabalhadores, que se realizou no Colégio Pitágoras em Belo Horizonte.

      Fui convidado a contribuir na construção do núcleo do Bairro Industrial, que faz divisa com o Lindéia, por José Maria Lopes, o Guinho. Outros companheiros,  Geraldo Bernardes;  Carneiro (José do Carmo); Geraldo Lopes; Zailtom faziam parte do núcleo.

     Os acontecimentos do congresso estadual de fundação do PT, contarei na próxima lembrança.  Teve momentos hilários.


J Estanislau Filho



13 comentários:

  1. Excelentes registros de um tempo de muita luta para construção do tão sonhado Partido dos Trabalhadores. Parabéns por fazer parte desta história👏👏👏

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  2. Parabéns pela bela narrativa, Stan...abraços.

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  3. Oh, o Guinho!! Uma noite caímos numa batida da polícia, na Praça da Cemig, tava aquela rapaziada do Industrial, lembro bem do Guinho, não sei se você estava. A gente vinha de uma panfletagem na Mannesmann ou na Belgo. Nos cercaram revistaram as mochilas mas nos liberaram. Muitas portas de fábrica, muitos pontos de ônibus, sabíamos de cor os horários dos turnos de cada empresa para abordar o pessoal nos pontos de ônibus, longe dos olheiros das portas de fábrica. Ou nos pontos dos bairros, dos ônibus especiais. A gente até entrava de vez em quando num especial, às vezes os corajosos motoristas permitiam. Mas a militância também tinha poesia, música, forró e amores. Nas madrugadas dos finais de semana, cachaça e forró pelos bairros de Contagem, no 1o. de Maio...Tudo meio corrido, precário, meio escondido, espremido entre mil tarefas...Eu estudava Pedagogia na UFMG, saía de casa às 5 da manhã pra chegar na Pampulha as 7. Almoçava no bandeijão e à tarde trabalhava no Sindicato dos bancários meio período. Todo o tempo possível era na organização das Associações de Bairro e Núcleos do PT do Riacho e do Riachinho, bairros, àquela época, sem esgoto ou calçamento.

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  4. Que beleza ❤️
    Abraço grande 🌹

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  5. Que maravilha poder ler seus textos autobiográficos! Principalmente este que é praticamente a história de milhares de brasileiros que lutaram pela democracia de nosso país.

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