Em 1974 dei os meus primeiros passos, que culminariam no meu engajamento nos movimentos sociais e na política. Três situações foram decisivas: a literatura; a fábrica e o cinema.
A literatura, que praticava desde que fora alfabetizado descortinou um horizonte na minha capacidade de refletir sobre fatos históricos, além de me levar aos primeiros rabiscos.
A fábrica, na formação de minha consciência de classe, que me levaria à militância sindical e política.
O cinema, me propiciou o contato com o movimento estudantil e a necessidade de me organizar em coletivos.
À partir dos oito anos de idade comecei a "devorar" livros. Lia tudo que tinha em mãos: história em quadrinhos, livros de bolso, fotonovelas, clássicos... Adulto, fui trabalhar numa fábrica, daí ao sindicato foi um pulo. Foi no Sindicato dos Metalúrgicos de BH e Contagem, em 1976, que deu início à minha participação, ao lado de muitos companheiros e companheiras, na organização da oposição sindical à diretoria da época, exercida por interventores nomeados pela ditadura. Em 1979 aconteceu a grande greve dos metalúrgicos, que não ocorria desde 1968. Foi o resultado de mais de dois anos de um trabalho clandestino de formiguinhas, pois a repressão não permitia uma militância transparente. De repente, diante da multidão de operários, com o microfone na mão, tive a consciência de que não poderia recuar. A diretoria nomeada pela ditadura ficou refém da presença de milhares de trabalhadores, em assembleia, para deliberar as reivindicações da categoria, que gritavam palavras de ordem. E para a nossa surpresa, o presidente do sindicato e interventor participou ativamente da luta e se revelou um importante aliado. A diretoria pelega ficou dividida, abrindo caminho para a vitória da oposição.
O gosto pelo cinema me levou ao Cine Clube da Face da UFMG, onde os estudantes exibiam filmes alternativos, como Encouraçado Potemkin, Quando Voam as Cegonhas, A Balada do Soldado, entre outros. Depois da exibição das películas aconteciam os debates, verdadeiras aulas de formação política.
É nesse final da década de setenta (século 20), que a ideia da construção de um partido dos trabalhadores é idealizada. Entrei no movimento para a criação do partido, que tem o seu registro oficializado em 10 de fevereiro de 1980. Em 1982, com a ditadura dando sinais de esgotamento, o PT teve o seu batismo nas urnas.
J Estanislau Filho
Parabéns pela sua caminhada por uma sociedade justa! A leitura, o debate, a participação e a reflexão, mostra responsabilidade pela causa que atuava.
ResponderExcluirGrato pelo comentário generoso. Aguarde Minhas Lembranças 2. Beijos.
ExcluirOrgulhosa de ter a sua amizade! Uma trajetória incrível! Abraços
ResponderExcluirObrigado, em breve mais uma crônica!
ExcluirÉ por isso, que o senhor escreve tão bem. Não entendo muito de política, porém sempre estive com o PT, não abro mão. Parabéns Mestre!
ResponderExcluirObrigado, Cleonice. Sempre bem-vinda. Abraço fraterno!
ExcluirQuerido amigo de "palavras", fiquei encantada ao assistir a live Ditadura nunca mais, que teve a participação de minha cunhada a Maria Antonieta, ela leu um poema lindíssimo seu, justamente dessa época que vc mencionou. Aproveito para parabeniza-lo por sua luta e suas palavras que tanto emocionam. Um abraço
ResponderExcluirElaene, grato pelas palavras generosas. Que bom saber que você é cunhada de Antonieta, que é uma grande amiga que tenho.
ExcluirBelas lembranças, sem dúvida, com muitas histórias para contar e nos deixar saborear.
ResponderExcluirObrigado, Arnaldo, vem aí as lembranças 2.
ExcluirEstávamos la companheiro!!!! Abraço!!
ResponderExcluirSim, estávamos. A luta continua. Abraço.
ExcluirMuito interessante conhecer a tua trajetória! Uma bela caminhada em prol da democracia! Aguardo continuação. Um abraço da Beatriz
ResponderExcluirGrato, Beatriz, enviarei o link.
ExcluirParabéns por ter agido para mudar. O PT não me representa, mas merece todo respeito, trouxe contribuições importantes. Torço para que queira melhorar e faça mais se voltar ao poder. Sorte em sua luta!
ResponderExcluirTudo bem, cada cabeça, uma sentença.
ExcluirQue delicia de texto! Sempre me emociono com essas narrativas e fico muito feliz em saber que meu pai esteve ao seu lado em alguns desses episódios de luta! Apesar de tudo, o PT e os movimentos sociais ainda resistem e a juventude não para! Seria maravilhoso um livro narrando esses acontecimentos do seu ponto de vista, ein!! Parabéns pela trajetória, saudades!
ResponderExcluirObrigado, Nayara, volte mais vezes. Abraço.
ExcluirQue legal. Vc começou pelos filmes soviéticos, digamos pelos "clássicos" soviéticos.
ResponderExcluirLembranças sujeitas a revisão, à medida que a memória apontar. Bom ler seu comentário, Regina. Volte mais vezes.
ExcluirDe longa caminhada, parabéns companheiro
ResponderExcluirGratidão
ExcluirParabéns por este texto verdadeiro e pleno de lucidez. Abraços!
ResponderExcluirGrato
ExcluirParabéns. Sua trajetória é admirável. Um exemplo de engajamento que precisa ser divulgado.
ResponderExcluirObrigado, Verly
ExcluirMuito bom conhecer a sua trajetória política vitoriosa. Pena que o movimento sindical, na atualidade, tenha perdido o ímpeto revelado nos anos de chumbo.
ResponderExcluirEu na minha família sempre fui rebelde,.meu pai erra a favor do governo militar eu contra nunca gostei de injustiça .Parabéns você fez sua parte eu a minha.
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