segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Serra do Cipó




Perto do céu, falando com Deus,
coração aberto, alma lavada,
distante da fúria urbana,
rosto colado nas nuvens,
um homem contempla a paisagem
no topo da Serra do Cipó.

Onde Deus não é ranzinza,
não outorga ideias caretas,
onde Deus é a Natureza
: cachoeiras, flores arrebentando nas pedras,
explodindo cores,
Deus é o relâmpago, o trovão, a chuva,
o sol, a lua, estrelas,
onde o tempo se manifesta de forma indelével
e o homem vale tanto quanto a mais tenra planta.

A borboleta, que antes era uma crisálida
voa lépida de um lado ao outro
compondo o cenário.

A água brota da terra e escorre,
cai sobre montanhas de pedras,
vira cachoeiras e por onde passa
deixa um rastro de beleza,
que se torna ainda mais bela com o desfile de três mulheres nuas
de cabelos enfeitados por flores do cerrado.


J Estanislau Filho - do livro Todos os Dias são Úteis - Edição do Autor - 2009 - esgotado.

7 comentários:

  1. A beleza do Amor plasmado em letras, nesta esplosão de sensibilidade e doação captada pelo poeta..A natureza é sempre bela, acolhedora, fiel, generosa, sábia educadora..
    Oração em Poema..
    Uma jóia que ensina..

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  2. As três mulheres descritas no poema de forma surprendente, serão as três Marias que se vê no céu? Rsrs
    Pois assim como ensima, é embaixo.
    Abraço querido poeta.

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  3. Respostas
    1. Sempre uma alegria tê-la aqui, lendo estas mal traçadas linhas, Junya. Bjs

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  4. Hummm que beleza em linhas tão delicadas. A Natureza em toda sua integridade é divina! Um beijo, Junya

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  5. E as flores do cerrado se sentem plenamente enfeitadas, com estes versos tão especiais, lindo poema, Poeta*****, abraço poético da Luiza

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